Leitoa de reposição: quais são as melhores práticas para o manejo do animal?
A qualidade dos lotes suínos, bem como a continuidade do negócio, depende da preparação que as leitoas de reposição recebem antes de iniciarem seus ciclos reprodutivos. Como a taxa de reposição de fêmeas varia de 35 a 45% por ano nas granjas suinícolas comerciais, o manejo correto tem fundamental importância para que os dias não produtivos (DNP) não aumentem. Isso comprometeria ainda mais a rentabilidade do sistema.
Preparar as futuras reprodutoras do plantel exige uma série de ações programadas, tais como ajustar a dieta das marrãs, acompanhar o crescimento e sincronizar os cios. A atenção aos detalhes do manejo com essa categoria é o que faz a diferença na hora de manter sob controle o maior gargalo da produção suinícola.
Neste artigo, você encontra informações importantes para o tratamento adequado das leitoas de reposição. Continue conosco e faça uma boa leitura!
O que são as leitoas de reposição?
As leitoas de reposição (também chamadas de marrãs) são as fêmeas suínas novas que foram selecionadas para substituírem as matrizes do plantel.
Em granjas suinícolas, a reposição dos reprodutores tem como objetivo garantir a continuidade da produção. Ela incorpora mais valor genético ao plantel, sem que tal medida afete negativamente a biosseguridade.
Dessa forma, as marrãs passam a receber uma alimentação diferenciada, voltada à promoção da precocidade das fêmeas e ao desenvolvimento da capacidade reprodutiva. Já cabe ressaltar que as práticas de manejo não devem ser as mesmas adotadas para os suínos que estão em fase de crescimento e engorda.
Qual é a importância desses animais para a criação?
A principal importância das leitoas de reposição é que, tal como o sêmen do macho reprodutor, elas são responsáveis pela introdução do melhoramento genético no plantel. Isso se deve ao fato de que as fêmeas mais jovens têm um potencial genético maior do que as matrizes que já passaram por outras parições.
A busca por características que elevassem a produtividade das matrizes — como alta prolificidade e produção de leite e baixo consumo de ração e teor de gordura corporal — gerou um desafio aos suinocultores na preparação e no manejo das marrãs, uma vez que elas se tornam matrizes ainda mais exigentes.
Ou seja, essas marrãs apresentam uma grande tendência à perda da condição corporal nas duas primeiras lactações, o que, por sua vez, pode levar a falhas reprodutivas e à diminuição do desempenho. Se não receberem o manejo correto, há o aumento na taxa de reposição e no risco de descarte antes do terceiro parto.
Porém, para que uma leitoa gere ganhos financeiros para o suinocultor, não deve ser descartada do plantel antes de ter desmamado três leitegadas. Isso significa que o manejo das leitoas de reposição está diretamente relacionado à longevidade delas no rebanho.
Além disso, é fundamental lembrar que a categoria das marrãs representa cerca de 50% dos DNPs por matriz ao ano, isto é, os dias em que as fêmeas não estão nem em gestação, nem em lactação. Caso o manejo fuja do controle, os DNPs aumentam, comprometendo o rendimento econômico do negócio, bem como o desempenho técnico dos lotes.
Em suma, as leitoas de reposição devem receber atenção à altura da sua importância para a produção. Tenha em vista que elas promovem efeitos positivos nos resultados produtivos do plantel e têm potencial de afetar os ganhos econômicos em curto prazo.
Que cuidados devem ser adotados no manejo das leitoas de reposição?
Assim como os leitões, as matrizes são bastante vulneráveis aos diversos fatores que podem causar estresse, como erros na estratégia nutricional, na infraestrutura e no manejo com os animais. Uma vez que as leitoas selecionadas (de reposição própria ou de granjas multiplicadoras) se tornarão as matrizes do plantel, alguns pontos precisam de atenção. Veja a seguir.
Origem das leitoas
A maioria das doenças entra nos plantéis a partir da introdução de suínos infectados que não apresentem sintomas. Por isso, os cuidados nessa questão estão diretamente relacionados com os aspectos sanitários e genéticos da granja multiplicadora, caso as leitoas não sejam provenientes da sua própria produção.
Portanto, adquira suínos apenas de um fornecedor idôneo, que faça parte das Granjas de Suínos Certificadas (GSC) ou das Granjas de Suínos com o Mínimo de Doenças (GSMD). Em relação ao potencial genético, dê preferência a leitoas F1 de linhas hiperprolíferas, filhas de matrizes que tenham gerado mais do que 11 leitões por parto em média.
Alojamento
O bem-estar na suinocultura deve ser prezado em todas as categorias produtivas, e não seria diferente com as matrizes, já que são mais suscetíveis ao estresse, como mencionamos há pouco. Isso inclui instalações para suínos que promovam o conforto dos animais e a eficiência dos tratadores.
Nesse sentido, as baias coletivas que alojarão as leitoas devem ser limpas e desinfetadas, terem boas condições de piso (nem muito liso, nem muito rugoso) e apresentarem uma camada espessa de cama. Recomenda-se preservar um espaço de, no mínimo, 2m2/leitoa até a sua cobertura.
Acompanhamento da curva de crescimento
Até que as leitoas de reposição cheguem à seleção final, a principal preocupação do produtor deve ser em relação à nutrição dos suínos. O objetivo é que as fêmeas não apresentem um alto ganho de peso diário.
Isso porque, se as marrãs chegarem muito pesadas à época da cobertura, pode haver um comprometimento da sua longevidade. Como consequência, a taxa de retenção das leitoas de reposição diminui, devido aos problemas locomotores que surgem a partir do sobrepeso.
Sendo assim, fazer o acompanhando da curva de crescimento é essencial para esse controle. Por sua vez, para que esse parâmetro seja bem modulado, é fundamental estabelecer e detalhar as estratégias nutricionais e sanitárias, conforme a realidade da granja suinícola.
Lembre-se de que a dieta de cada categoria deve ser sempre ajustada de acordo com as particularidades da produção, bem como com as condições de sanidade do rebanho.
Manejo alimentar
Sobre o manejo alimentar, a recomendação é que a modulação do crescimento na fase de recria da marrã seja realizada por meio do uso de uma ou duas rações, que sofrerão ajustes de volume na quantidade a ser fornecida conforme o estado corporal e/ou orientação da genética, considerando, também, os níveis nutricionais em cada período.
Forneça ração à vontade dos 63 a 112 dias de idade da marrã. Dos 113 dias até os 168, disponibiliza 2,2 a 2,7Kg. Já dos 160 dias ao flushing, 3,2 a 3,5 kg, sendo muito importante sempre acompanhar o escore corporal. O flushing é uma medida de arraçoamento muito utilizada entre os dias 10 a 14 antes da cobertura, com o objetivo de permitir aumento na taxa de ovulação das fêmeas.
Indução do cio
Em produções altamente tecnificadas, é preciso realizar o manejo de antecipação da puberdade. Isso permite que as leitoas sejam introduzidas de forma mais precoce no plantel de matrizes reprodutoras, reduzindo o número de DNPs.
No geral, o ideal é que as leitoas sejam induzidas a partir dos 180 dias de idade. O processo começa ao mover os animais para uma baixa coletiva, mais próxima da unidade de cobrição. Essa troca de ambiente já vai contribuir para que as fêmeas entrem no estro.
A partir disso, por cerca de 3 a 4 semanas antes da data em que se planeja realizar a cobertura, os tratadores devem todos os dias levar o cachaço até a baia das leitoas de 10 a 15 minutos. Registram-se as fêmeas em cio e marcam-se as leitoas com três cores diferentes, uma para cada semana do ciclo estral.
As mais produtivas são as que apresentarem estro nos primeiros 20 dias de manejo de indução (geralmente com menos de 190-200 dias de idade). O ideal é que a meta seja atingir 90% de leitoas ciclando depois de 28 dias de manejo.
Depois dessa fase, as fêmeas estão prontas para serem cobertas. É interessante destacar que a inseminação artificial em suínos já é bem-estabelecida e apresenta muitas vantagens em relação ao método tradicional.
Como você viu, dada a importância das leitoas de reposição, independentemente de elas serem próprias da produção ou adquiridas de granjas multiplicadoras, o manejo de preparação é imprescindível para obter bons resultados técnicos e econômicos no plantel.
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