Principais desafios da fase de creche de suínos
A fase de creche de suínos é uma das mais complexas no manejo da produção na suinocultura. O desmame representa uma etapa de transição abrupta para os leitões, que se separam da porca, passam a se alimentar de ração, entram em um novo ambiente e têm contato com uma nova formação social.
Os primeiros dias na creche são os mais críticos e, por isso, a dedicação deve ser intensa para que a leitegada se adapte ao novo sistema. Conhecer quais são os desafios dessa fase é crucial para o produtor evitar as perdas e a queda no desempenho, melhorando a produtividade e, claro, a rentabilidade do negócio.
Quais são os pontos que necessitam de atenção na creche de suínos? Quais os fatores que influenciam o desempenho dos animais? Continue a leitura e entenda!
Principais desafios da fase de creche de suínos
Em menos de 40 anos, reduziu-se a idade de desmame dos leitões de 56 para 21-28 dias, com intuito de atingir uma maior produtividade, devido ao menor intervalo de gestação dos suínos e ao maior número de leitegadas produzidas por porca ao ano. Contudo, o momento de maior estresse para os leitões é a fase do desmame e, se os cuidados não forem devidamente tomados, essa fase pode ser um dos gargalos da produção.
O processo de desmame tal como ocorre na cadeia produtiva moderna gera estresse ambiental, psicológico/social e nutricional nos leitões. A etapa está associada a alterações significativas na microbiologia, fisiologia e imunologia do trato digestivo. Por isso, é geralmente caracterizada por uma grande incidência de perturbações intestinais e uma eficiência alimentar prejudicada, o que leva a um crescimento abaixo do nível ideal e à mortalidade elevada.
Dessa forma, o suinocultor deve se ater a essas mudanças e fazer o possível para reduzir os efeitos negativos dessa transição que prejudicam o desempenho dos animais. Veja a seguir os principais desafios para a creche de suínos.
Transição alimentar
A brusca substituição da dieta líquida para sólida (do leite da porca para a ração) eleva o pH estomacal, o que aumenta a taxa de sobrevivência de bactérias patogênicas ingeridas, bem como a sua passagem pelo trato intestinal dos leitões.
Além disso, nas 24 horas subsequentes ao desmame, ocorrem algumas alterações na morfologia e na fisiologia do intestino delgado dos suínos, que correspondem à diminuição das vilosidades e à redução da atividade de algumas enzimas digestivas. A soma desses acontecimentos resulta em condições que favorecem a colonização de bactérias que levam às diarreias.
Outro grande entrave que baliza o desempenho dos suínos na creche é o limitado consumo de ração após o desmame. Por essa razão, o produtor precisa focar em estratégias nutricionais que estimulem a leitegada a consumir o necessário para ganhar peso e se desenvolver.
Ambiência e socialização
Além da dificuldade na transição alimentar, a separação da porca e a troca de ambiente causam estresse nos leitões. Uma nova conformação social é estabelecida pela mistura de lotes, e as próprias condições do novo galpão oferecem desafios sanitários ao plantel.
Dessa forma, os cuidados com a ambiência devem ser levados a sério, a fim de minimizar esses fatores estressantes. Promover um espaço em que os leitões tenham bem-estar é essencial para a boa adaptação à nova dieta.
Fatores que influenciam o desempenho dos leitões
Tendo consciência de todos os desafios inerentes a creche de suínos, o produtor consegue planejar as suas estratégias de manejo e obter o máximo desempenho dos leitões. Veja a seguir algumas dicas importantes.
Manejo nutricional
O manejo nutricional é uma das peças-chave para essa fase de transição. Nesse sentido, preparar os leitões ainda na maternidade pode ser determinante para a boa adaptação na creche. É importante estimular o consumo de ração para que o leitão reconheça rapidamente o alimento após o desmame.
Sabe-se que suínos bem preparados para a creche podem consumir três vezes mais alimento nos primeiros dias pós-desmame do que aqueles não habituados à dieta. Essa ração deve ter base láctea e alta digestibilidade, porém, com traços vegetais dos grãos que serão introduzidos mais além na sua dieta. Isso também favorece o desenvolvimento do sistema enzimático digestivo.
Na primeira semana após o desmame, é essencial fornecer essa mesma ração (introduzida na fase de lactação) para que o choque na dieta seja minimizado. Essa papinha é uma dieta elaborada com nutrientes muito parecidos com a composição do leite e a sua fórmula é alterada gradativamente, respeitando as limitações de digestão e absorção dos leitões.
O conhecimento sobre essas limitações resguarda o produtor de ter prejuízos devido ao desperdício de recursos. À medida que as exigências nutricionais dos suínos se elevam, os níveis energéticos e proteicos da ração sobem, de forma gradual, sendo compostas de mais milho e farelo de soja, por exemplo.
A cada semana, a quantidade desses ingredientes se altera para que os leitões possam crescer e, em 40 dias, atingir o peso ideal para a próxima fase produtiva. Outro ponto importante é estimular o consumo de água que, quanto maior for, maior é a ingestão e a absorção de ração.
Ambiência e manejo dos lotes
É na fase de creche que se costumam estabelecer as metas de produção e, para atingi-las, o produtor precisa classificar os leitões. Há uma variação natural de tamanho nas leitegadas e é fundamental uniformizar os lotes de acordo com essa variação.
Isso porque os suínos estabelecem sua própria hierarquia e a nova conformação no plantel pode resultar em competições por alimento ou água e brigas para manter essa ordem social. Por isso, os grupos devem ser formados de acordo com idade, tamanho e sexo.
Para que as leitegadas se adaptem bem à nova fase, fatores como temperatura, umidade e ventilação devem ser priorizados pelo suinocultor. Além de manter a zona de conforto dos animais, esses cuidados auxiliam a manter a sanidade dos abrigos, afastando o acúmulo de gases e poeira — que podem causar doenças respiratórias.
As boas práticas de higiene, sanitização e manejo também têm influência na adaptação dos leitões à nova dieta, visto que a mudança nutricional brusca está relacionada à ocorrência da síndrome da diarreia pós-desmame (SDPD). Porém, os riscos de a leitegada desenvolver SDPD são menores se o produtor respeitar as práticas de ambiência e bem-estar, como:
- proceder ao vazio sanitário;
- respeitar a lotação máxima de 3 leitões/m2;
- manter a temperatura de 24°C nos primeiros 14 dias e 26°C até a saída da creche;
- manter comedouros e bebedouros sempre limpos e acessíveis, jamais com ração velha ou água não potável;
- limpar as baias diariamente;
- vacinar os leitões de acordo com o calendário.
O manejo da produção na suinocultura abrange todo o processo reprodutivo e produtivo da criação. Os melhores índices zootécnicos e o consequente retorno econômico da atividade dependem das boas práticas de manejo no sistema.
Uma vez que a fase de creche de suínos é a mais crítica da cadeia produtiva e dela depende o sucesso nas próximas categorias, é imprescindível que o suinocultor adote um programa efetivo de alimentação e bem-estar animal. As estratégias bem estabelecidas e executadas contribuem para o ganho de peso ideal e o melhor desempenho dos leitões.
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Colaboração: Lisandro Haupenthal, Gerente de Nutrição da linha Suínos da Vaccinar.
Ótimo artigo.
Estou começando tenho que aprender ainda muito. Venho lendo tudo sobre suinocultura, mas ainda falta a prática. Obrigado. Muito interessante esse artigo.
Olá, Antônio agradecemos o seu comentário em nosso blog e ficamos felizes com a sua visita! Pedimos desculpas na demora para respondê-lo, pois estávamos com um problema interno em nossa plataforma e só agora conseguimos saná-lo.
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Até breve,
Dicas vip. Sempre.
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Ótimo artigo
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Olá.
Gostaria de saber de que ano é esse artigo.
Agradeço.
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O conteúdo foi publicado no dia 01 de novembro de 2019. Receba em seu e-mail os novos conteúdos do nosso Portal, assine a newsletter e fique por dentro dos assuntos mais atuais sobre nutrição animal.
Até breve.
Eu queria saber quantos porcos morrem em média numa creche de 5000 leitões ?
Olá Verônica, agradecemos o seu comentário em nosso Portal e ficamos felizes com a sua visita!
Há muitos desafios na fase de creche dos suínos. Muitos cuidados devem ser tomados nesta etapa para se evitar perdas e a queda no desempenho, melhorando a produtividade e, claro, a rentabilidade do negócio.
Estudos apontam que a mortalidade na creche não poderá ser superior a 1% dos desmamados, durante o período de creche.
Um aspecto imprescindível é a alimentação adequada para se evitar a mortalidade. Por isso, gostaria de te indicar o artigo “alimentação de suínos por fase: creche, crescimento e terminação” clique aqui para visualizar https://nutricaoesaudeanimal.com.br/alimentacao-de-suinos/. Boa leitura!
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Até breve,
O que acontece com os suínos na fase da creche se a temperatura estiver muito abaixo ou acima do ideal ?
Olá, Vitor, ficamos felizes com a sua visita no portal!
Leitões expostos a temperaturas muito abaixas (<20°C) ou muito altas (>28°C), a tendência é os animais reduzirem o consumo de ração e aumentarem a demanda energética para controle da temperatura corporal. Desta forma, o leitão reduz o desempenho, podendo até perder peso e ser acometido por doenças.
Uma das formas de avaliar se os leitões estão em conforto térmico é avaliação de comportamento dos animais na baia, se estão aglomerados (evidência de estresse por frio) ou deitados no chão ofegantes (evidência de estresse por calor), caso estiverem ativos, consumindo ração, água e interagindo entre eles, a probabilidade é que estejam em conforto térmico.
Além disso, separamos um artigo sobre temperatura e desempenho de suínos. Clique aqui para ter acesso ao conteúdo: https://nutricaoesaudeanimal.com.br/temperatura-e-desempenho-dos-suino/
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