A importância da biosseguridade na avicultura
Nos últimos anos, os produtores viram as normas sanitárias para granjas avícolas se intensificarem. Entretanto, a biosseguridade na avicultura brasileira tem suas raízes em 1978, sendo consolidada no Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) pela Portaria nº 193, de 19 de setembro de 1994 e tendo instruções normativas cabíveis adicionadas desde então.
O esforço dos avicultores em adequar os processos de produção ao longo de todos esses anos tem reconhecimento internacional, visto que somos os maiores exportadores de carne de frango do mundo. Implementar e seguir as diretrizes de manutenção sanitária nas granjas garante que o produtor não tenha prejuízos significativos, além de assegurar sua posição no mercado.
Dada a importância da biosseguridade na avicultura, elaboramos este artigo com as principais dicas para você se manter sua propriedade em conformidade às regulamentações do setor. Confira!
Qual é a importância da biosseguridade na avicultura?
Define-se biosseguridade como o conjunto de práticas de manejo que são adotadas em uma produção avícola, com o objetivo de impedir a disseminação de doenças na granja. As ações são estabelecidas para prevenir, evitar e controlar a entrada de patógenos que afetam a saúde, o bem-estar e o desempenho das aves.
As medidas sanitárias fazem com que o estabelecimento avícola tenha uma circulação mínima de microrganismos e, caso haja a incidência de um patogênico, os protocolos impedem que ele se espalhe ou saia da granja. Como o status sanitário dos lotes é um dos alicerces da avicultura, é crucial conhecer as formas como as enfermidades se disseminam para, então, controlá-las.
Além disso, a criação de aves envolve um número de animais na casa dos milhões e, por essa razão, se um estabelecimento adoecer, os danos serão enormes. Perde-se em produção e gasta-se para retomar a sanidade novamente. Ou seja, a biosseguridade é a forma mais barata e eficaz de manter as aves saudáveis.
O Brasil é considerado livre de Influenza Aviária e tem focos esporádicos e controlados da doença de New Castle. É isso que garante a expansão do mercado e os ganhos econômicos do setor.
De que forma as doenças podem entrar na granja?
Como mencionamos, é importante conhecer os mecanismos de disseminação dos microrganismos para que se possa controlar a sua ocorrência. Dessa forma, toda a equipe compreende as medidas adotadas no programa de biosseguridade e pode seguir à risca as suas recomendações.
Os patógenos podem ser inseridos na granja por duas vias de transmissão:
- vertical — é quando as aves de reposição já entram na granja com alguma doença que foi transmitida pelos progenitores, no processo chamado transovariano (a mãe transmite para a prole). A Salmonelose é um exemplo;
- horizontal — é quando a transmissão ocorre de ave para ave dentro do mesmo lote ou entre lotes próximos. Também acontece quando os lotes têm contato com aves silvestres, com materiais ou maquinários infectados, com pragas (insetos e roedores), com animais domésticos e com o Homem.
Como implementar a biosseguridade na granja de forma eficaz?
Como mencionamos, implementar um programa de biosseguridade na avicultura é a maneira mais inteligente de promover uma redução de custos na granja. Além disso, nenhuma medida de prevenção de doenças funciona efetivamente sem a prática da biosseguridade.
A seguir, sumarizamos algumas providências primordiais para manter o status sanitário na sua propriedade.
Faça o isolamento da granja
A legislação determina que os galpões tenham uma distância mínima entre eles e que sejam separados por barreiras. É importante fazer um planejamento antes da construção da granja, pois depois de construída, não há conserto.
Além disso, cada núcleo (galpão) deve ter aves da mesma espécie e mesma idade. Isso permite a prática “todos dentro, todos fora”, que preconiza que todos os animais entrem e saiam juntos do galpão para que a sanitização seja realizada.
Controle o tráfego de veículos e pessoas
A porta de entrada deve ter um rodolúvio com solução desinfetante para todos os veículos que entrarem na granja. As entradas e saídas devem ser registradas constando o último contato com as aves.
Todos os funcionários e visitantes que terão acesso às áreas produtivas devem tomar um banho antes e usar uniformes e calçados apropriados. Ao saírem, devem tomar banho novamente, e as vestimentas, desinfetadas.
Siga o programa de vacinação
Siga à risca o programa de vacinação estabelecido pelo veterinário, de acordo com as diretrizes obrigatórias do PNSA e os patógenos endêmicos da sua região. Ademais, as aves devem ser frequentemente monitoradas por meio de necrópsias e exames laboratoriais.
A remoção de cadáveres deve ser feita diariamente dos galpões e o descarte precisa ser correto (incineração, roto acelerador ou compostagem). A área de manejo de descartes precisa ser isolada para evitar o contato de animais silvestres.
Controle pragas e roedores
Além das telas, cercas e barreiras, deve-se providenciar um controle efetivo de pragas e roedores, uma vez que são repositórios de inúmeros patógenos e têm alto potencial de levar doenças aos aviários.
Conheça a procedência da ração
É essencial conhecer a procedência das matérias-primas utilizadas para a formulação das rações das aves, além de adotar medidas que evitem a contaminação cruzada na produção, no transporte e no armazenamento do alimento.
As rações devem ser armazenadas em silos específicos, fechados e protegidos do excesso de calor e de umidade, além do contato com roedores e outros animais. A correta armazenagem também garante a qualidade nutricional da ração.
A qualidade da água também deve ser monitorada, já que costuma se tornar uma importante fonte de contaminação, desencadeando uma doença no plantel com rapidez.
Proceda ao vazio sanitário
Finalizado o ciclo de produção e realizada a retirada de todas as aves do galpão, todos os procedimentos de higienização completa e desinfecção do aviário devem ser seguidos à risca. A matéria orgânica deve ser removida, e os equipamentos, caixas d’água e tubulações precisam de uma limpeza.
Depois disso, o aviário deve entrar em vazio sanitário, permanecendo fechado por, pelo menos, 15 dias.
Faça auditorias e tenha um plano de contingência
Monitore o programa de biosseguridade mensal e/ou bimestralmente para averiguar se as ações são realizadas de maneira correta e se há a necessidade de ajustar ou corrigir alguma medida. Além desse acompanhamento, é crucial contar com um plano de contingência para os casos de emergência e detecção de alguma doença nas aves.
Lembre-se de que é fundamental que toda a equipe esteja engajada para que o programa funcione. Então, mantenha uma educação contínua sobre as diretrizes de biosseguridade.
O rigor das normas de biosseguridade na avicultura levou o Brasil a ser o maior fornecedor de carne de frango do mundo. Como você viu, essas medidas são a única forma de termos produções sadias e econômicas. Portanto, tenha em mente que prevenir é melhor que remediar, visto que os prejuízos para a granja e para a comunidade são gigantescos.
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