Panorama do uso de antibióticos na nutrição animal
O uso de antibióticos na nutrição animal ocorre desde a década de 1950, quando o sucesso como promotores de crescimento foi descoberto em laboratórios. Contudo, a aplicação excessiva e sem restrições durante anos resultou em resistência dos animais a alguns medicamentos e diversas discussões sobre a transmissão dessa resistência aos seres humanos.
Algumas classes de antibióticos não são criticamente importantes para a saúde humana — como é o caso das tetraciclinas e dos ionóforos —, e seu uso racional não implica grandes riscos. Porém, a classe da penicilina e a dos macrolídeos são amplamente utilizadas na Medicina Humana, o que levou à proibição do uso de Colistina (Poliximina E) e outros na produção animal.
Frente às crescentes medidas legais e as exigências da população para reduzir o uso de antibióticos na nutrição animal, os produtores precisam encontrar alternativas que aumentem a eficiência dos animais, sem prejudicar o seu bem-estar, nem a saúde pública. Continue conosco e entenda!
Uso de antibióticos como promotores de crescimento
Em 1928, o médico bacteriologista Alexander Fleming descobriu que a penicilina, uma substância produzida por um fungo, era capaz de inibir o crescimento de bactérias. Junto com os cientistas Ernst Chain e Howard Florey, ele desenvolveu métodos para a produção em massa do medicamento e, em 1941, o primeiro antibiótico usado com sucesso estava disponível para a população e, também, para os animais.
Poucos anos depois, foi demonstrado que o uso de baixas dosagens de antibióticos melhorava o crescimento dos animais. As evidências foram tantas que, em 1951, o Food and Drug Administration (FDA) dos EUA liberou a sua administração na dieta animal sem receita veterinária. Desde então, além de serem aplicados no tratamento de infecções, os fármacos têm sido usados para manter a qualidade da flora gastrointestinal dos animais, sendo administrados continuamente nas rações em quantidade menor do que a que se usa na terapia ou na profilaxia.
Os efeitos da melhora dos índices zootécnicos são consequência da atuação dessas substâncias sobre a microbiota gastrointestinal. Os antibióticos controlam a flora patogênica e, assim, diminuem a disputa por nutrientes, além de reduzirem a produção de metabólitos depressores do crescimento dos animais.
Além do mais, as medicações antibióticas reduzem o tamanho e o peso do trato digestório, o que torna as vilosidades e as paredes intestinais mais finas, aumentando a absorção dos nutrientes. Esses produtos indicados com função de aditivo alimentar são chamados de antibióticos promotores de crescimento (APC), ou antibióticos melhoradores do desempenho animal.
O uso de antibióticos na nutrição animal busca, historicamente, alcançar quatro principais objetivos:
- obter maior taxa de produtividade e de crescimento;
- aumentar a eficiência alimentar;
- elevar a resistência a doenças e melhorar a saúde em geral;
- diminuir a taxa de mortalidade.
Consequências do uso excessivo de antibióticos na produção de animais
Como mencionamos, a administração de antibióticos como moduladores de microrganismos no trato digestório a fim de obter melhores parâmetros produtivos ocorreu, de início, em doses baixas. Contudo, o uso contínuo diminuiu gradativamente os efeitos dos medicamentos, o que levou à necessidade de doses mais altas e à total dependência do uso de APCs em algumas cadeias produtivas, especialmente as de suínos e aves.
Esse fato culminou no aparecimento de bactérias resistentes aos antibióticos, o que se torna um problema quando é preciso utilizá-los para o tratamento de infecções e doenças nos plantéis. Mas não é só isso. O assunto também afeta a saúde pública, motivo pelo qual se tem buscado a redução ou a eliminação de APCs na nutrição animal.
Há alguns anos, pesquisadores descobriram o gene resistente mcr-1 em plasmídeo de Escherichia coli de suínos e muitos estudos indicam a possibilidade de esse gene ser transferido para a flora gastrointestinal de humanos que consomem produtos de origem animal. Por causa disso, desde 2016 foi proibido o uso de Colistina (Poliximina E) como APC, visto que esse antibiótico é o último recurso em casos de fibrose cística ou de infecções por bactérias multirresistentes.
Em dezembro de 2018, a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Portaria Nº 171, informou sobre a intenção de proibição de alguns antimicrobianos com a finalidade de aditivos melhoradores de desempenho, abrindo prazo para manifestação dos setores envolvidos. Dentro os antimicrobianos utilizados estariam os que contém bacitracina, lincomicina, tiamulina, tilosina e virginiamicina em todo o território nacional.
Essa decisão segue as recomendações de órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e as práticas adotadas por demais países, como os EUA, que proibiram a administração de qualquer antibiótico de importância para a Medicina Humana na produção de animais, mesmo na forma terapêutica.
Entretanto, por meio da Portaria Nº 15, de 1o de Fevereiro de 2019, prorrogou por 45 dias, o prazo para recebimento de manifestações técnicas, previsto na Portaria n° 171, de 13 de dezembro de 2018.
Alternativas para o uso de antibióticos na nutrição animal
Frente à crescente restrição ou remoção do uso de antibióticos nas rações, os produtores precisam encontrar alternativas mais sustentáveis para garantir o desempenho de seus rebanhos e plantéis. Nesse sentido, a nutrição animal se faz imprescindível, independentemente da criação.
Se os índices de produtividade de animais livres de antibióticos eram inferiores em relação aos convencionais nas primeiras experiências da década de 1990, hoje, esse cenário é bem diferente. Muitos estudos apontam melhorias significativas nos parâmetros zootécnicos de aves, suínos e bovinos a cada ano, mostrando-se iguais ou superiores.
Soluções inovadoras em nutrição animal, com o uso de ingredientes de alta digestibilidade e o uso de aditivos que têm foco na saúde gastrointestinal e na imunidade dos animais, por exemplo, são fundamentais para manter a propriedade sustentável, sadia e rentável no futuro.
Os probióticos, prebióticos e leveduras são produtos formulados a partir de culturas de microrganismos vivos não patogênicos que estabelecem de forma natural o equilíbrio da flora microbiana intestinal dos animais. Eles induzem alterações na população da microbiota existente no organismo, reduzindo a competição por nutrientes, aumentando a absorção e a digestibilidade dos mesmos, além de resguardarem a integridade da mucosa intestinal.
Esse mecanismo dificulta a adesão de algumas bactérias e reduz a concentração de patógenos no trato digestório e o quadro geral é de alta no sistema imunológico dos animais. Essa estabilidade na saúde garante os efeitos positivos vistos no desempenho dos animais e, consequentemente, na rentabilidade da produção.
Cabe ressaltar que é crucial estar atento aos fabricantes, buscando sempre por produtos que tenham certificação em nutrição animal. Esses certificados são a garantia de adequação às normas vigentes e de qualidade nos produtos oferecidos aos lotes.
O uso de antibióticos na nutrição animal deve ser racional e cauteloso, tendo em vista as graves consequências que o abuso pode causar tanto na saúde animal como na humana. A restrição e a proibição de diversos antimicrobianos na agropecuária direcionam os produtores a estabelecerem planos estratégicos para atingirem seus objetivos produtivos, sendo que o foco em nutrição se mostra o mais efetivo.
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Colaboração: Karina Ferreira Duarte – Especialista em Nutrição de Aves da Vaccinar.
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A publicação é do dia 02/01/2020.
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Excelente publicação.
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