Temperatura e desempenho dos suínos: entenda mais sobre essa relação
Muito se fala sobre o bem-estar na suinocultura como uma forma respeitosa e humanitária de criar os animais. De fato, isso é imprescindível para se manter em um mercado cada vez mais consciente e exigente. Mas, em termos econômicos, é fundamental compreender que garantir a ambiência nos galpões é sinônimo de alta produtividade animal.
Quando o assunto é temperatura e desempenho dos suínos, o produtor deve ter especial atenção. Isso porque os animais gastam uma quantidade de energia considerável para manter o equilíbrio térmico corporal, podendo gerar prejuízos se não houver compensação.
Afinal, qual é a relação que existe entre temperatura e desempenho de suínos? Quais são os benefícios conquistados com o conforto animal e quais são as consequências de não atender a tais demandas? Continue conosco e entenda!
Por que a temperatura é tão relevante para os suínos?
A eficiência produtiva na criação de suínos tem alicerces bastante conhecidos, como padrão genético, sanidade, nutrição e manejo animal. Contudo, também já é amplamente sabido que os fatores ambientais — temperatura, ventilação, umidade do ar, radiação solar etc. — influenciam o sistema produtivo de forma direta.
Isso acontece porque os suínos são animais homeotérmicos, isto é, têm a capacidade de manter a sua temperatura corporal constante — em torno dos 39 °C —, trocando calor com o meio ambiente. Esse mecanismo fisiológico gasta parte da energia obtida por meio dos alimentos, e o restante é utilizado para a produção de carne e de leite.
Ou seja, esse processo só é eficiente quando as condições climáticas são favoráveis, dentro de uma faixa de termoneutralidade. Quando tais limites são ultrapassados, e os suínos, submetidos ao estresse térmico, os animais perdem a eficiência de utilização da energia disponível. Isso porque seu organismo começa a acionar mecanismos para termorregular e reduzir o impacto do meio.
As respostas dos suínos às variações climáticas dependem principalmente do peso do animal. Isso acontece porque esse fator é relacionado à porcentagem de gordura do seu corpo e, quanto maior for esse índice, menor será a taxa de perda de calor para o ambiente. Portanto, os suínos mais pesados tendem a ser os que mais apresentam sensibilidade ao estresse térmico.
Como a temperatura impacta o desempenho dos suínos?
A faixa de termoneutralidade que mencionamos há pouco é aquela em que os processos fisiológicos de regulação da temperatura interna dos animais são mínimos, e a sua energia líquida é utilizada totalmente para a deposição de tecidos. Quando isso não ocorre, esse processo implica um esforço adicional que, por sua vez, resulta em queda de produtividade.
Na tentativa de resfriar o corpo e mantê-lo em conforto térmico, o organismo dos suínos faz com que o fluxo de sangue aumente nas regiões periféricas (pele) e diminua nos órgãos internos, inclusive do trato gastrointestinal. Como consequência, há prejuízo para a digestão, comprometendo a geração de energia, que seria utilizada para a produção.
Ainda, o estresse calórico acarreta a redução do consumo de ração e do ganho de peso diário e o aumento da conversão alimentar. Outro efeito negativo da temperatura sobre o desempenho dos suínos é a menor eficiência do seu sistema imunológico. Isso os deixa mais vulneráveis às enfermidades e pode interferir na biosseguridade da granja suinícola.
Manifestações comportamentais e físicas
Os suínos apresentam poucas glândulas sudoríparas funcionais para regular a sua temperatura e protegerem-se do calor excessivo. Assim, esses animais contam somente com a ofegação e as mudanças de comportamento para se aliviarem.
O desconforto dos suínos é facilmente percebido, pois eles passam a procurar por lugares mais frios e úmidos, além de aumentarem o consumo de água e diminuírem o consumo de alimento. Ainda, é notável o aumento da atividade respiratória e a letargia.
Nas fêmeas lactantes, observa-se um maior intervalo entre as amamentações e uma menor frequência das mamadas, refletindo na produção de leite para a prole.
Também há alterações físicas, como o próprio aumento da sua temperatura corporal. Além disso, por causa do sistema imunitário comprometido, os suínos têm uma tendência de apresentar maior percentual de gordura (especialmente no abdome) e de reduzir a atividade da tireoide, o que os torna prostrados.
Qual é a temperatura ideal para a criação de suínos?
A maioria das regiões brasileiras está localizada na zona tropical do planeta, o que gera grandes desafios aos suinocultores. É preciso ajustar o manejo do plantel de forma que não tenham muitas perdas em produtividade. Nesse cenário, as instalações para suínos são a peça-chave para manter a ambiência e o conforto animal.
No entanto, é crucial lembrar que os animais apresentam diferenças metabólicas ao longo do seu desenvolvimento, ou seja, cada categoria produtiva tem uma exigência específica quanto à temperatura do ambiente. Isso é fácil de compreender quando analisamos a correlação entre o peso/gordura corporal e a dificuldade de termorregular.
De modo geral, a temperatura ambiente não pode ultrapassar os 25 °C durante a gestação dos suínos, enquanto a zona de conforto térmico para as fêmeas lactantes é de 16 °C a 22 °C. Já para os animais em crescimento, a faixa é dos 16 °C aos 24 °C.
A maior dificuldade do suinocultor talvez esteja na criação de leitões, já que a fêmea precisa de uma zona de conforto térmica, e a leitegada, de outra. Para os leitões, a temperatura ideal é de aproximadamente 32 °C.
Os efeitos prejudiciais dessa discrepância podem ser reduzidos com algumas estratégias: construir o galpão com orientação leste – oeste; resfriar a sala da maternidade e instalar piso resfriado na gaiola de maternidade. Por sua vez, para auxiliar o desempenho dos leitões, é importante usar escamoteadores, lâmpadas e piso aquecido na sua área visando mantê-los confortáveis.
Como você pôde perceber, a temperatura exerce enorme influência sobre o desempenho dos suínos. Sob condições de calor muito elevado, o organismo dos animais passa a utilizar mecanismos de compensação, o que altera as suas exigências nutricionais, bem como os seus processos fisiológicos. Portanto, os cuidados com a ambiência devem ser centrais, para que os resultados zootécnicos não sejam comprometidos.
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