Como melhorar a qualidade dos ovos incubáveis?
Temperatura e umidade, tempo de armazenamento e nutrição — esses são apenas alguns dos fatores que influenciam a qualidade dos ovos incubáveis. Afinal, o que pode ser feito para melhorá-la em sua produção? Será que existem alternativas?
Este conteúdo foi elaborado para responder a essas e a outras questões. Ao longo do texto, você entenderá de quais formas é possível monitorar a qualidade, como aprimorá-la e outras informações relevantes. Boa leitura!
Quais fatores afetam a qualidade dos ovos incubáveis?
Diversos aspectos podem ser considerados como fatores que influenciam a qualidade. Alguns exemplos disso são:
- genética;
- idade da matriz;
- nutrição;
- condições climáticas;
- uniformidade do lote (lotes uniformes produzem ovos uniformes);
- manejo da ave e do ovo;
- densidade;
- dimensionamento adequado dos equipamentos;
- condições sanitárias das matrizes;
- transporte e armazenamento.
Um fator importante para definir a qualidade do ovo é a sua qualidade de casca. Considerada a proteção do ovo, ela deve estar sempre limpa, íntegra e sem deformidades.
A casca possui inúmeras funções: ela é responsável pelas trocas gasosas entre o meio interno e externo através dos poros; protege contra a perda de umidade em excesso, evitando desidratação; funciona como uma barreira física contra bactérias, fungos e outros agentes externos, protege o meio interno do ovo e é fonte de cálcio para o embrião durante o seu desenvolvimento. Portanto, prezar pela sua qualidade é primordial para a manutenção da qualidade geral do ovo incubável.
As características físicas do ovo, que afetam a eficiência da incubação, estão relacionadas com o tamanho, forma, cor, limpeza, integridade e ausência de deformidades na casca.
O tamanho e a forma do ovo, aliados à porosidade da casca, alteram a perda de água durante a incubação — em virtude disso, é fundamental ter atenção aos requerimentos de temperatura e de umidade, principalmente na última semana de incubação.
No ambiente das granjas, o manejo, o transporte e o acondicionamento do ovo também podem afetar a eficácia da incubação. Dentre os principais pontos, podemos destacar:
- coleta dos ovos;
- limpeza e desinfecção dos ovos;
- distribuição da ração;
- programa de luz;
- transporte e armazenamento;
Como medir a qualidade dos ovos incubáveis?
A qualidade de um ovo incubável é medida pelo tamanho ou peso que ele apresenta. Aspectos visuais também são relevantes — a casca, por exemplo, não pode apresentar defeitos, partes trincadas e ondulações. Ele deve estar limpo o suficiente para chegar à sala de nascimento sem oferecer quaisquer riscos de contaminação.
A forma de avaliação da casca mais comum e prática é o método da Gravidade Específica, baseando-se em várias concentrações salinas que variam a sua densidade entre 1,050 a 1,100 e que determina a qualidade da casca do ovo.
Ovos frescos têm praticamente a mesma densidade da água, o que faz que ovos mais velhos flutuem. A densidade dos ovos de galinhas mais novas normalmente é maior que do que o de galinhas mais velhas. Da mesma forma, ovos com baixa qualidade de casca tendem a perder umidade mais rápido e assim sendo considerados de pior Gravidade Específica.
Normalmente, com 10 a 11 dias de incubação deve-se avaliar uma amostra dos ovos incubados. O procedimento se baseia na utilização mínima de 10 bandejas por lote de matrizes e a verificação de quais são os ovos inférteis e quais sofreram de mortalidade embrionária muito precoce, período que varia entre 0 e 3 dias de incubação.
Para isso, os ovos precisam ser inseridos em uma máquina que irradia luz e faz um processo conhecido como ovoscopia — a tecnologia para criação de aves se mostra, mais uma vez, indispensável para a obtenção dos melhores resultados.
Após a eclosão dos pintinhos de um dia, é possível realizar o embriodiagnóstico, que consiste em descobrir em qual fase da vida morreram os que não nasceram. De acordo com os dados coletados, há como interpretar se ocorreu algum problema associado à nutrição, ao manejo, e ao processo da incubação ligados aos fatores físicos da incubação.
Como melhorar a qualidade dos ovos incubáveis?
A qualidade dos ovos para incubação pode ser aprimorada a partir da otimização do bem-estar animal, das dietas das matrizes e assim por diante. Para exemplificar, na nutrição, é preciso fornecer às matrizes matérias-primas com qualidade e segurança de alimentos comprovadas, além dos requerimentos nutricionais em alta precisão (ajustados à exigência das linhagens). Caso contrário, a casca do ovo apresentará imperfeições e sua qualidade intrínseca será prejudicada, afetando o adequado desenvolvimento embrionário e, por fim, a progênie. Veja, a seguir, alguns aspectos que podem ajudar!
Evitar a postura de ovos na cama
O número de ovos de cama deve ser considerado abaixo de 1%: No início tem-se um maior número, o que é normal até a ave ser condicionada a entrar nos ninhos. É imprescindível evitar os ovos de cama, ou seja, os que são postos na cama do aviário e não dentro do ninho.
Isso porque, onde a galinha vive, ficam seus dejetos (alta umidade e presença de fezes), além da umidade que possa vir do manejo incorreto dos bebedouros e demais equipamentos. Tais fatores têm importante contribuição para a contaminação, que é uma das principais causas de redução da qualidade do ovo. Para se ter ideia, os ovos de cama podem atingir índices de 10% a 15% a menos de eclosão, em comparação ao ovo limpo de ninho.
O dimensionamento dos ninhos é um fator que não pode ser deixado de lado. Ele deve ser correto, respeitando as recomendações técnicas dos fabricantes. Isso implica que a quantidade de aves que pode entrar por módulo do ninho varia de acordo com essas informações. Em ninhos manuais, é importante respeitar a regra de se trabalhar com no máximo 5 matrizes por boca de ninho.
A densidade por metro quadrado também deve ser observada, visto que essa condição está ligada diretamente com o dimensionamento dos ninhos e dos demais equipamentos (comedouros, bebedouros e equipamentos para o controle da ambiência). O número inadequado pode levar ao estresse das aves e consequentemente o aumento de ovos de cama, ovos sujos, ovos trincados e quebrados.
A luminosidade também exige atenção. É importante não deixar pontos de escuridão no galpão, evitando que as aves façam postura nesses lugares. Afinal, se houver alguma deficiência ligada à luz no ambiente, a galinha escolherá o lugar mais escuro — em vez do ninho — para botar o ovo. Portanto, é preciso trabalhar com uniformidade de luz dentro das instalações, além da correta intensidade (30 a 50 luz).
Fazer um bom manejo
A excelência no manejo é necessária por variadas razões. Quando transferidos para o local onde se dá a etapa de produção, os animais passam por estresse gerado pelas mudanças do ambiente: os ninhos, o acasalamento, os tipos de equipamentos e luminosidade quase sempre são diferentes dos anteriores.
Para isso, é preciso preparar as matrizes para que se habituem com o novo ambiente e conheçam o interior dos ninhos o quanto antes. Nesse sentido, deve-se coletar rapidamente os ovos colocados na cama no início de produção e levar sistematicamente as aves em direção aos ninhos. É comum a instalação de uma das linhas de bebedouros no slats (piso na entrada dos ninhos) para atração das aves próximas às entradas.
Desinfetar os dos ovos o quanto antes: ovos estão quentes e esfriam após a postura e nesse momento ocorre a contaminação pelos micro-organismos que se encontram na superfície da casca, com a penetração para o interior do ovo. Portanto, o maior número de coletas durante o dia é fundamental para a prevenção da contaminação dos ovos incubáveis.
Limpeza e manutenção dos ninhos e os cuidados com os ovos sujos
As esteiras e tapetes dos ninhos automáticos são responsáveis por acomodar e transportar os ovos, por isso, devem ser limpos, desinfetados e submetidos a manutenções periódicas, com o objetivo de se prevenir acidentes com os ovos durante a coleta.
Os ovos sujos de ninho e os ovos de cama precisam ser criteriosamente selecionados e os viáveis à incubação devem passar por limpeza após a postura a fim de evitar a contaminação pelos microrganismos que se encontram na superfície da casca. A limpeza deve ser criteriosa, evitando o excesso, ou seja, a retirada de partes externas protetora da casca (cutícula). Após esse processo, deve-se realizar o quanto antes a desinfecção,
Para ninhos manuais, é recomendado trocar a cama com frequência, seguindo uma periodicidade estabelecida ou quando o ninho ficar muito sujo, além do uso de procedimentos padronizados de desinfecção.
Armazenar corretamente
O ideal é que nas granjas, do armazenamento na sala de ovos até a sua saída para o incubatório, seja realizado o controle e monitoramento da temperatura (entre 18ºC a 23ºC) e da umidade relativa do ar (entre 40% a 60%).
Durante o transporte entre a granja e o incubatório, tais parâmetros de temperatura e umidade devem ser no mínimo próximos ao da sala de armazenamento ou transportar os ovos em horários do dia em que as temperaturas sejam mais amenas.
No incubatório, onde é comum o ovo ficar armazenado por até 7 dias, dependendo da logística até o incubatório e fatores de mercado, também é fundamental a adequada conservação do ovo. Nos casos de aumento do tempo de armazenagem, a temperatura deve ser ainda mais reduzida, mantida entre 14ºC e 20ºC.
O tamanho do ovo cresce com o avançar da idade da matriz, o que leva a maior porosidade da casca (aumento da condutância), além disso, há uma redução natural da qualidade interna do ovo (qualidade do albúmen) podendo alterar a perda de água durante a incubação para o meio externo — em virtude disso, é fundamental ter uma atenção maior com o tempo de armazenamento desse tipo de ovo.
Cuidar da nutrição e da sanidade
A nutrição causa grande impacto no crescimento, na manutenção e na produção de ovos das matrizes, afetando de modo direto a qualidade da casca, as características intrínsecas do ovo e consequentemente da progênie. Portanto, deve-se fornecer, em alta precisão, os níveis de proteína, energia, vitaminas e minerais, respeitando os requerimentos nutricionais das matrizes em cada fase de sua vida.
As matérias-primas e a ração prontas devem ser monitoradas por meio de análises bromatológicas e microbiológicas. A utilização desses dados serve para ajustar, de forma mais precisa, os níveis nutricionais das formulações e a atuação sobre o controle da segurança dos alimentos, colaborando com a biosseguridade dos lotes de matrizes e dos pintos de um dia.
Uma nutrição em alta precisão tem como consequências impactos positivos em várias características do ovo incubável, principalmente na qualidade da casca e no fornecimento de nutrientes para o adequado desenvolvimento embrionário, vigor e imunidade da progênie.
Lembrar que algumas doenças, como a bronquite infecciosa, podem afetar a qualidade do ovo. Um bom programa vacinal e monitorias sorológicas periódicas devem ser implementados e interpretados pelo técnico responsável.
Há uma série de quesitos que afetam a qualidade dos ovos incubáveis. Sendo assim, jamais deixe de considerá-los em sua produção para alcançar o melhor desempenho possível.
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Este conteúdo foi produzido com a colaboração de Cláudio Franco, assessor técnico de matrizes de corte e Javer Alves, especialista em nutrição de aves.