Como fazer o planejamento estratégico na pecuária?
O planejamento estratégico na pecuária é importante porque define metas tangíveis de desenvolvimento para o negócio e fornece os direcionamentos para que elas sejam alcançadas. É por meio dele que a produção consegue guiar suas tarefas rotineiras, avaliar o progresso de seus funcionários e mudar seus métodos quando necessário.
O planejamento estratégico é ainda mais indispensável no cenário atual, pois a rapidez das mudanças e dos avanços tecnológicos exige que cada tomada de decisão seja avaliada em seus mínimos detalhes.
Pensando nessa necessidade do produtor pecuário, escrevemos este artigo com tudo o que você precisa saber sobre um planejamento estratégico de sucesso. Confira as orientações a seguir.
Defina sua identidade organizacional
Ao longo das últimas décadas, vários autores estudaram a identidade organizacional sob perspectivas distintas. Em resumo, podemos definir esse conceito pela forma como a empresa é vista pelos seus funcionários e pelo seu público estratégico, que são as pessoas que têm alguma forma de interesse no negócio.
A identidade organizacional também pode ser definida como a resposta para a pergunta “Quem somos nós?” e é embasada nos componentes que você verá a seguir.
Missão
Muitos confundem missão com objetivos, mas são coisas diferentes. A missão tem a ver com a essência de uma entidade e sua razão de existência. Parece algo exageradamente teórico, mas deve ser uma declaração simples e precisa dos propósitos da sua fazenda para o seu público.
Para entender melhor, veja os exemplos a seguir:
- promover a inovação na pecuária por meio de tecnologias e práticas sustentáveis;
- produzir alimentação bovina de excelência para a satisfação dos nossos clientes;
- usar o potencial da pecuária para melhorar a qualidade de vida da população.
Visão
A visão é a parte do planejamento estratégico que determina onde sua empresa quer estar no futuro. Ela deve ser maior do que um objetivo, pois sua função é inspirar a organização em suas conquistas em longo prazo, enquanto delimita os direcionamentos para que elas aconteçam. Veja novamente os exemplos:
- fomentar o mercado de proteína animal, levando alimentos seguros aos consumidores;
- soluções inovadoras que melhorem a vida de todo pecuarista.
Valores
Os valores são as crenças fundamentais de uma entidade, que devem refletir o que ela acredita. Além disso, eles também devem guiar as atividades da empresa e o comportamento de seus funcionários, para que tudo e todos estejam em sintonia com os mesmos objetivos. Um exemplo disso é:
“Nosso recurso mais valioso é nossa equipe de excelência. Nós acreditamos na liderança responsável que valoriza o trabalho colaborativo e a segurança de nossos funcionários. Prezamos pelo respeito ao meio ambiente, pelo bem-estar dos animais e pela saúde de quem consome nossos produtos”.
Use a matriz SWOT
A matriz SWOT é uma forte ferramenta para construir o plano estratégico de qualquer negócio, independentemente do tamanho ou do tempo de atuação no mercado. Em geral, ela usada por entidades para verificar seu grau de alinhamento com seus objetivos, mas também pode ser usada para determinar a eficiência de um projeto em específico.
O termo é uma abreviação para os tópicos: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças — do inglês, strenghts, weaknesses, opportunities e threats —, que também correspondem a:
Análise do ambiente interno
Na análise do ambiente interno entram os dois primeiros tópicos da SWOT: forças e fraquezas. É por meio dessa etapa que a organização consegue identificar as características que estão sob o comando da administração, mas que nem sempre são perceptíveis aos membros.
Dessa forma, as forças da empresa são suas qualidades excepcionais que a fazem se destacar em relação à concorrência. Nesse quesito, podem entrar atributos como o nível de experiência e habilidades dos membros, as tecnologias empregadas no trabalho, o relacionamento com os clientes, capital investido no negócio e assim por diante.
Já as fraquezas são tudo aquilo que faz falta dentro da empresa ou o que seus concorrentes têm como vantagem. Esse é o momento de assumir um pensamento autocrítico e investigar os problemas que estão impedindo o negócio de fluir da maneira que deveria.
Análise do ambiente externo
Para concluir a matriz, vamos falar dos dois últimos tópicos que fazem parte da análise do ambiente externo de uma entidade: oportunidades e ameaças. Nessa etapa, são avaliadas as características que cercam o ambiente interno da empresa e que não estão sob seu controle.
As oportunidades incluem circunstâncias favoráveis para o crescimento do negócio, como poucos concorrentes de segmento, demanda crescente pelos seus produtos ou serviços e baixa oferta deles no mercado.
As ameaças são os elementos externos que prejudicam a empresa de alguma forma. Exemplos disso são o aumento do preço do combustível, uma reportagem negativa vindo da imprensa, mudanças nas leis ambientais etc.
Estabeleça as metas do planejamento
Por meio do estabelecimento de metas é que você chega a um objetivo, ou seja, você chega ao resultado final que deseja alcançar com seus esforços. Ser claro na definição de suas metas é essencial para seu plano estratégico, pois elas definem aonde você quer chegar com seu negócio e ajudam a direcionar seu trabalho para que suas conquistas aconteçam.
Uma ferramenta muito usada para a definição de metas é o método SMART, que consiste das iniciais de “específico, mensurável, atingível, relevante e temporal” — do inglês, specific, measurable, attainable, relevant e time bound. Uma meta deve atender a todos esses critérios para ser realmente adequada.
Por exemplo, “aumentar os lucros” não pode ser considerado uma meta sob a perspectiva SMART, mas sim “aumentar os lucros em R$40.000 com a produção de leite até o ano que vem”.
Defina seus planos de ação
Planos de ação nada mais são do que documentos que definem todo o caminho que é preciso percorrer até chegar nos seus objetivos, medidos em tempo, recursos e atividades. Eles podem ser aplicados à fazenda como um todo ou para metas mais individuais, como melhorar a performance de cada funcionário, por exemplo.
O primeiro passo para fazer um plano de ação é dividir o objetivo maior em várias tarefas menores. Além de deixar tudo mais organizado, isso ajuda a torná-lo mais alcançável. O segundo passo é estabelecer o tempo para a realização delas.
O terceiro passo é a alocação de recursos, tanto materiais quanto pessoais. Nessa etapa, você define o orçamento, os equipamentos e os funcionários, sempre levando em consideração as habilidade de cada um. O último passo é o acompanhamento, que serve para avaliar o progresso das tarefas e informá-lo aos demais membros da equipe, garantindo a evolução do plano de ação, o atingimento das metas propostas e consequentemente, do planejamento estabelecido.
O planejamento estratégico na pecuária pode até parecer difícil, mas certamente vai trazer resultados incríveis se feito da maneira correta. Para que seu empreendimento chegue ainda mais longe, é essencial que você alie seu planejamento a outras boas práticas de gestão de fazendas.
Para ajudar ainda mais o produtor, também fizemos um artigo com dicas valiosas de como gerir uma propriedade rural. Entre agora mesmo no link para saber quais são elas!
______
Colaboração: Fátima Lima – Gerente de Planejamento e Informações Gerenciais na Vaccinar.