Ambiência em frangos de corte: Estratégias de inverno
Por: Juliano Rangel de Camargo
As estratégias de ambiência para a criação de frangos de corte no inverno são essenciais para garantir o bem-estar das aves, a eficiência produtiva e a qualidade do produto final. Durante o inverno, as condições climáticas mais severas podem impactar negativamente a saúde e o desempenho dos animais, tornando crucial a adoção de práticas que minimizem o estresse térmico por frio e proporcionem um ambiente adequado, especialmente em regiões nas quais as temperaturas são mais baixas durante esta estação do ano.
A seguir, destacam-se alguns itens essenciais de ambiência que, associados a uma nutrição equilibrada e uma boa saúde das aves, potencializam os resultados neste período do ano:
1. Controle de Temperatura
O controle da temperatura não se limita apenas ao aquecimento. É importante monitorar constantemente a temperatura interna do galpão com termômetros ou sensores automáticos, que podem fornecer dados em tempo real. A automação desses sistemas facilita a manutenção de condições ideais, permitindo ajustes imediatos conforme as variações externas.
De modo geral, as granjas avícolas são automatizadas, possuindo controles de temperatura, umidade relativa, ventilação, luminosidade, entre outros. Uma das dificuldades enfrentadas pelos criadores no inverno está em conciliar a temperatura interna ideal do aviário com um ambiente de boa qualidade do ar. Para isso, deve-se monitorar o tempo todo não somente os indicadores de temperatura, mas também a concentração dos gases no interior das instalações, que são vapor d’água (umidade relativa), dióxido de carbono, oxigênio e amônia, principalmente. A poeira em suspensão também merece atenção especial, pois seu excesso poderá provocar doenças respiratórias nos plantéis.
2. Aquecimento
Sendo a temperatura um dos pontos mais críticos na fase inicial de criação, é essencial o correto dimensionamento dos aquecedores para que proporcionem um ambiente com temperatura ideal e que atendam à necessidade de geração de calor para os dias mais frios do ano. Diversos modelos de aquecedores estão disponíveis no mercado, mas vale salientar que, independentemente da matéria-prima utilizada como fonte de energia (gás, lenha, pellets etc.), o importante é a instalação adequada e a distribuição estratégica destes equipamentos no aviário para que aqueçam uniformemente toda a área do pinteiro. A qualidade e o custo da matéria-prima utilizada, também devem ser considerados, pois os valores podem variar, dependendo da região.
3. Umidade Relativa e Ventilação
O controle da Umidade Relativa (UR) não se limita à ventilação. É importante considerar as diferentes fontes de umidade, que podem vir da própria respiração das aves, da cama e da água de bebida. Em dias frios, a ventilação deve ser cuidadosamente ajustada para não permitir a entrada de ar frio, mas ainda assim garantir a renovação do ar. Sistemas de aquecimento que possuem renovação de ar podem ser uma solução prática. O uso adequado dos inlets para que pré-aqueça e diminua a umidade do ar entrante no aviário é de extrema importância, especialmente durante a fase em que o sistema opera em modo de ventilação mínima.
A UR desempenha um papel importante na ambiência. Altos níveis de UR pioram a qualidade do ar pois contribuem para o aumento da concentração de amônia no ambiente, além da piora da qualidade da cama, o que, consequentemente, acarretará o aumento dos casos de calos de peito e pata, além de contribuir com quadros respiratórios indesejáveis. Portanto, é necessário garantir uma boa ventilação para evitar a saturação do ar e as condensações em forros e cortinas internas. No entanto, é importante destacar que a UR não deve ser mantida em níveis muito baixos, pois isso pode causar desidratação nos pintinhos e aumentar a concentração de poeira em suspensão no ambiente. Por isso, recomenda-se que a UR interna do aviário se mantenha entre 45% e 65% ao longo de todo o período de criação.
4. Espaçamento e densidade
O espaço disponível para os animais também é fator fundamental da ambiência na produção animal. Restringir o espaço na busca da melhoria do aquecimento acarretará outros problemas, como umidade excessiva da cama. Além disso, também dificultará o acesso à água e à ração, causarão estresse e impedirão a movimentação dos animais. Nestas situações, é recomendado investir em mais aquecedores e fornecer as aves espaço suficiente e adequado.
No inverno, geralmente aloja-se com uma densidade maior que no verão, bem como a liberação de espaço para as aves é mais lenta, necessitando de mais dias para a soltura dos animais em toda a granja quando comparamos ao verão. Em aviários que possuem uma distribuição de aquecimento mais homogênea e boas condições de isolamento térmico, é possível uma abertura mais rápida que em galpões com déficit de isolamento térmico e distribuição heterogênea de calor. E isso faz toda a diferença!
5. Cama e Isolamento Térmico
O piso do galpão deve ser tratado e aquecido cuidadosamente para evitar a perda de calor dos pintos por condução. O pré-aquecimento antes do alojamento é fundamental para se obter bons resultados. A utilização de materiais de forração do piso, com boas características de isolamento térmico, boa capacidade de absorção e de retenção de água, contribuem significativamente para o melhor desempenho nas primeiras semanas. Manter a cama de frango seca e limpa durante todo o lote também ajudará a melhorar o conforto térmico das aves.
Da mesma forma, é importante que os galpões avícolas sejam isolados termicamente, a fim de bloquear a entrada do ar frio externo e para manter o calor gerado nos períodos de aquecimento. Isso pode ser feito por meio do isolamento das paredes e telhados, o que contribuirá para uma melhor homogeneidade de temperatura, menor índice de condensação e melhores condições em situações de frio extremo, como em dias de geada ou chuvosos. Segundo Czarick, M. e Fairchild, B. (2009), durante o inverno, o ar quente produzido pelos aquecedores e pelas aves sobe rapidamente para o teto. Se ele não estiver devidamente isolado, o valioso calor será perdido, resultando em temperaturas mais baixas no aviário e maiores custos de aquecimento.
A escolha do material isolante térmico a ser utilizado deve ser feita criteriosamente, levando em consideração não somente o custo de instalação, mas também de todas as características técnicas, sendo algumas delas, vida útil, facilidade de instalação, resistência a pragas (como cascudinhos, por exemplo), fator de resistência térmica de isolamento (Fator R), inflamabilidade, espessura, peso (g/cm²), que seja repelente a roedores, entre outros.
6. Circuladores de Ar (Stir Fans)
Os circuladores de ar (Stir Fans) vêm sendo cada vez mais utilizados na criação de frangos de corte. Vale ressaltar que o correto dimensionamento, instalação e operação destes equipamentos é fundamental para que o resultado seja positivo. As principais funções dos circuladores de ar são: – homogeneizar o ar do teto ao piso; – homogeneizar o ar entre as laterais do aviário; – homogeneizar o ar entre as duas extremidades do aviário (entrada e saída de ar, como Cooling e exaustores por exemplo); – e por fim, deixar a cama de frango mais aquecida, seca e solta. Estes equipamentos podem contribuir na redução dos custos com aquecimento.
Dessa forma, torna-se fundamental o cuidado com o controle da temperatura, da umidade relativa do ar e dos demais gases no interior dos galpões, bem como é essencial adequar a nutrição para cada fase e época do ano, com o intuito de maximizar a produtividade dos animais.