Zona de conforto térmico animal para a produção do leite
Você sabe o que é a zona de conforto térmico animal e quais impactos ela tem na produção de leite? Em resumo, trata-se de uma faixa de temperatura ambiente na qual os animais se sentem confortáveis e apresentam um comportamento fisiológico adequado.
Fora dessa faixa de temperatura, os bovinos estão sujeitos ao estresse térmico. Isso acarreta uma série de alterações comportamentais e fisiológicas que comprometem sua produtividade.
Quer entender mais sobre o assunto? Basta continuar a leitura!
Qual a importância da zona de conforto térmico animal?
Os animais homeotérmicos são aqueles que têm a capacidade de controlar a temperatura interna corporal. Contam com mecanismos fisiológicos, comportamentais e metabólicos para produzir ou reduzir a perda de calor para o ambiente, o que mantém sua temperatura dentro da zona de termoneutralidade.
Dentro dessa zona de termoneutralidade, ou de conforto térmico, a temperatura do animal se mantém constante com esforço fisiológico mínimo. O apetite do gado fica dentro dos padrões normais, a retenção de energia da dieta é máxima e a produtividade dos animais é garantida.
Por outro lado, bovinos submetidos a estresse térmico são um dos principais fatores limitantes da produção animal. Portanto, é necessário fornecer a eles um ambiente de clima equilibrado, com temperatura no valor ideal, umidade, espaço e outros fatores determinantes.
No caso do gado leiteiro, vacas em lactação devem ser mantidas em ambiente com temperaturas entre 4°C e 24°C. Para verificar se esses animais estão sofrendo estresse térmico, algumas alterações comportamentais e metabólicas servem como indicadores, sendo elas:
- aumento na ingestão de água;
- redução do consumo de matéria seca;
- animal ofegante, apresentando aumento de salivação e transpiração;
- aumento da frequência cardíaca e respiratória;
- redução na produção de leite;
- temperatura retal acima de 39,1ºC.
Como ela pode impactar a produção do leite?
Fora de sua zona de conforto térmico, os animais não desempenham como esperado. Assim, diversos problemas podem comprometer a produção leiteira quando as vacas são expostas a altas temperaturas e sofrem com o estresse térmico por calor, como:
- ocorrência de mastite clínica;
- maior índice de retenção de placenta;
- predisposição à acidose ruminal;
- redução de escore corporal;
- predisposição a problemas de casco;
- baixa resistência imunológica;
- redução na produção de leite;
- alteração na composição do leite.
O que fazer para aumentar o conforto térmico animal?
Para evitar que os problemas causados pelo estresse térmico comprometam a atividade da fazenda, algumas medidas podem ser adotadas para fornecer mais conforto aos animais. Veja, a seguir!
Forneça sombreamento adequado
É natural para os bovinos buscar abrigo em locais sombreados para se refugiar da alta incidência de raios solares. Nesse caso, as áreas sombreadas podem ser constituídas tanto por métodos naturais quanto artificiais.
Assim, quando falamos em sombreamento natural, estamos nos referindo àquele produzido por árvores — que devem ter tamanho suficiente para proporcionar uma boa área com sombra. Esse tipo de sombreamento conta com a vantagem de ser mais barato para o produtor.
No entanto, caso o local não tenha árvores nativas, é preciso atenção especial ao escolher a espécie que será plantada. Isso porque ela deve ser adequada ao ambiente da propriedade e à atividade da fazenda.
Caso o sombreamento natural não seja possível, temos ainda a opção dos métodos artificiais. Entre eles, as tendas e os sombrites, que são coberturas fabricadas em malha tecida, normalmente, com fios de polietileno.
Disponibilize água suficiente
O menor consumo de água tem um um impacto negativo no de alimento e, por consequência, na produtividade do animal, que pode chegar até 20%. Para evitar que isso aconteça, é importante que seja fornecida água limpa, fresca e de alta qualidade em bebedouros nas instalações da propriedade.
É importante ressaltar que, além de auxiliar na manutenção do conforto térmico, o consumo de água tem papel fundamental para o funcionamento adequado de funções fisiológicas dos bovinos, como:
- irrigação dos tecidos do animal;
- fluxo correto dos alimentos pelo trato digestório;
- digestão e absorção adequada dos nutrientes;
- volume normal de sangue no organismo;
- fermentação e metabolismo normal do rúmen.
Utilize ventiladores e aspersores nas instalações
Proporcionar boa ventilação e resfriamento é outra estratégia muito importante para reduzir o estresse térmico dos bovinos, já que o movimento do ar favorece a dissipação do calor por convecção. Nesse caso, a ventilação natural pode ajudar, mas também é recomendado adotar um sistema de resfriamento com o uso de ventiladores e aspersores.
Na prática, o resfriamento consiste em alternar ciclos em que os animais são molhados, seguidos por um período de ventilação, permitindo reduzir a temperatura por meio da evaporação. Além disso, a técnica também tem um impacto positivo na rentabilidade da fazenda, visto que melhora a produtividade e a longevidade das vacas leiteiras, ao mesmo tempo em que ajuda a preservar sua saúde e fertilidade.
Reduza as distâncias de deslocamento do animal
O tempo e a distância que as vacas leiteiras percorrem até a ordenha é outro ponto que merece atenção. Isso porque quanto maior for o deslocamento e a exposição aos raios solares, maior será a intensidade do estresse térmico sofrido por eles.
Por esse motivo, a redução do trajeto até o local da ordenha deve ser considerada para garantir mais conforto às vacas. A sala de espera da ordenha também é um local em que ela sofrem muito com o calor, devido ao alto número de animais por metro quadrado.
Por isso, vale realizar a ordenha, preferencialmente, durante os horários mais frescos do dia, e proporcionar aos animais uma instalação coberta, com ventiladores, aspersores e um pé direito mais alto. Além disso, manter as vacas o menor tempo possível nesse local é outra ação que pode ser adotada para se manter na zona de conforto térmico animal.
Quais são os benefícios para o gado leiteiro?
Manter os bovinos de leite dentro de sua zona de conforto térmico garante que eles tenham maior bem-estar e um comportamento fisiológico adequado. Assim, não ocorrem desvios de energia que poderia ser direcionada para os processos produtivos e metabólicos desses animais.
Como o animal não precisa produzir ou perder calor para o ambiente, o gasto de energia para manter o equilíbrio fisiológico será mínimo. Em contrapartida, consome mais alimentos, tem mais tempo de ruminação e descanso e aproveita melhor os nutrientes fornecidos na dieta.
Tudo isso garante mais produtividade, tendo em vista que o animal pode expressar todo seu potencial genético por não ter o seus processos fisiológicos comprometidos pelo desconforto térmico.
Como foi possível notar, a zona de conforto térmico animal tem papel importante na saúde e bem-estar dos bovinos e, consequentemente, na produção de leite. Portanto, adotar estratégias para amenizar os efeitos negativos do estresse térmico é imprescindível para o criador que quer garantir a sustentabilidade e os índices lucrativos do negócio.
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Este conteúdo foi elaborado com a colaboração de Josiane Santos, especialista em Nutrição de Ruminantes da Vaccinar.