Briga entre suínos: como evitar os quadros de agressividade suína
O suíno é um animal tipicamente de rebanho e as interações entre os animais são comuns e frequentes, porém, nem todas as interações são desejáveis e algumas podem ser evitadas.
Muitos comportamentos indesejáveis são chamados de estereotipias e entre elas estão os comportamentos agressivos como as brigas.
A hierarquia é uma forma de estabelecimento de ordem das relações num rebanho e a primeira forma de se estabelecer é por intermédio das disputas que resultam em brigas. As brigas entre suínos são bastante comuns, principalmente após a formação do grupo (lote), com objetivo de estabelecer uma hierarquia. Outra fonte importante de brigas são as instabilidades do ambiente e do manejo que podemos listar como:
- · formação de novo grupo social, por exemplo na transferência da maternidade para a creche;
- · dimensionamento errado de espaço de comedouro e bebedouro;
- · excesso de lotação de baia;
- · estresse térmico por frio ou calor;
- · equipe de manejo instável, que trabalha gritando, fazendo algazarra ou que tem um turn over alto de funcionários;
- · pressão de ambiência, por excesso de gases e/ou ruído;
- · presença de animais de espécie diferente como urubus e cães.
No sistema produtivo, a agressividade entre suínos é um grande problema, já que isso pode causar danos físicos aos animais e afetar o desempenho produtivo de todas as categorias.
Em vista disso, a seguir, vamos falar sobre algumas técnicas para diminuir as brigas entre os suínos. Confira!
Reconheça a importância do manejo tranquilo
O manejo dos animais deve sempre ser feito de forma tranquila para evitar possíveis lesões. O ideal é que os suínos se acostumem com os tratadores para não entrarem em pânico quando tiverem contato durante o manejo.
No momento do desembarque e da condução dos suínos no frigorífico, é recomendado que os animais sejam retirados do caminhão o mais rápido possível para evitar o estresse e o aumento da temperatura corporal.
Para que a condução dos animais ocorra da maneira mais tranquila possível, é indispensável que ela seja feita por profissionais capacitados, equipados e com boas práticas de manejo. Assim, o risco de qualquer agressão por algum dos suínos será reduzido.
Observe o alojamento e as condições corretas
Qualquer ser vivo em situação de estresse pode sofrer desequilíbrio físico e comportamental, tornando-se agressivo. Isso não é diferente para os suínos.
Ambientes inadequados podem causar diferentes níveis de agressividade nos suínos na granja. O bem-estar na suinocultura deve ser considerado a todo momento, desde a condição das instalações e o arraçoamento, até o transporte e o abate.
Veja alguns recursos que você deve oferecer para diminuir o estresse dos suínos.
Alimentação nutritiva
Todos os suínos devem receber um programa de alimentação adequado. Além da quantidade correta de alimento, também é importante pensar nos nutrientes que eles estão ingerido para se desenvolver.
Vale ressaltar que o volume de ração varia de acordo com a idade, o sexo e o porte do animal. Leitões e matrizes, por exemplo, precisam de uma quantidade de alimento diferente de suínos em terminação.
Além disso, é fundamental assegurar que o alimento seja de fácil acesso para todos os animais. O ideal é que todos se alimentem ao mesmo tempo, para evitar possíveis competições por comida e, consequentemente, agressões.
Água potável
Os suínos devem ter acesso à água potável à vontade. Todos os animais precisam alcançar o bebedouro para se hidratar — principalmente os leitões, que são de menor porte.
A manutenção dos equipamentos que fornecem água também é indispensável na criação de suínos. Durante a amamentação, as matrizes aumentam o consumo de água — e é fundamental lembrar que a produção de leite e colostro está diretamente ligada à quantidade de água ingerida, bem como à sua qualidade. Por isso, é importante manter os equipamentos sempre em bom estado
Instalação segura e espaçosa
Para evitar acidentes, as instalações para suínos devem ser seguras. Em outras palavras, o abrigo não pode ter extremidades pontiagudas ou saliências.
Os equipamentos elétricos também devem estar isolados e inacessíveis, tanto para evitar o contato de algum suíno como para reduzir a probabilidade do rompimento dos fios por um roedor.
Além disso, cada animal deve ter seu próprio espaço para se movimentar e descansar. Na maioria das vezes, o estresse em granjas suinícolas é causado pela alta densidade de animais no mesmo ambiente. Por isso, é importante respeitar a taxa de lotação nas salas e nos galpões.
Temperatura amena
O ambiente deve estar equipado para proteger os suínos contra o calor e o frio excessivos. Também é fundamental ter em mente a variação de temperatura aceitável de acordo com o peso de cada animal — por exemplo, suínos acima de 70 kg suportam uma temperatura entre 10º e 25º C.
O Brasil é um país tropical que faz muito calor em algumas épocas do ano, sendo assim, o produtor também deve estar preparado para isso. Áreas com lãmina d’água lama, ventiladores e sombras naturais ou artificiais são alguns recursos que podem ajudar a resfriar o ambiente.
Boa qualidade do ar
As instalações devem ter a ventilação adequada para evitar os excessos de umidade e gases. Os suínos contraem doenças respiratórias com facilidade, portanto, o ambiente deve ser equilibrado em umidade, oscilando em torno de 60 a 75%m.
Além disso, a concentração máxima de amônia no local deve ser de 10 ppm para não afetar a saúde dos animais. O ideal, é monitorar essa concentração a cada 2 semanas.
Saiba em quais pontos a agressividade do suíno pode variar
A agressividade suína é algo tão recorrente em granjas que, atualmente, ela é dividida em três categorias. Veja a seguir.
Aguda
A agressividade aguda ocorre quando novos indivíduos se juntam ao grupo e começam a brigar com os outros suínos para ascender na escada hierárquica. O objetivo é estabelecer uma nova ordem no grupo e ocorrem na realocação de lotes.
Crônicas
As brigas de agressividade crônica se referem às manifestações dos suínos que querem manter a ordem estabelecida antes dos novos indivíduos chegarem. São disputas que perduram mais tempo no rebanho.
Anormal
Já na agressividade anormal, os suínos chegam a realizar mordeduras nas caudas e orelhas, podendo chegar ao canibalismo — quando matrizes comem seus leitões ou de outras fêmeas do lote.
Nesse estágio, o suíno também ataca outros membros da hierarquia, mesmo ela estando estabelecida. Em casos graves, os adultos chegam a matar e comer os mais jovens do grupo. Esta condição pode ocorrer a qualquer momento, desde que haja instabilidade no ambiente de produção.
Como você pôde ver, há diversas técnicas para diminuir a briga entre suínos na propriedade ou durante o transporte. O mais importante é oferecer boas condições ambientais para os animais, de modo a evitar o estresse excessivo.
Depois que os animais estabelecerem a própria hierarquia no grupo — geralmente, o de maior porte ou mais maduro sexualmente fica no ápice —, e as brigas entre os suínos devem diminuir. Porém, fatores como lotação, falta de higiene do galpão e alimentação não disponível influenciam a agressividade entre os indivíduos. Portanto, garanta a ambiência e o bem-estar em todas as etapas da cadeia produtiva.
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