Como a nutrição e o bem-estar animal impactam a saúde de galinhas poedeiras
A cadeia produtiva de ovos no Brasil se caracteriza pela produção para consumo in-natura e para utilização em processos industriais de confeitarias, panificadora etc. O consumo do ovo, que é uma importante fonte de proteína animal para o consumo humano, teve, inclusive, um aumento significativo nos últimos anos.
Para atender as exigências do consumidor, há a necessidade de implementar programas que garantam o elevado padrão de qualidade dos ovos de forma a minimizar inúmeros fatores podem impactar a saúde das aves e, consequentemente, a sua produtividade.
O bem-estar e a nutrição de aves são os principais fatores que devem ser considerados de forma a garantir o progresso da atividade avícola e inserção do setor no mercado mundial de ovos e produtos a base de ovos. Nesse sentido, destaca-se o fato de que linhagens modernas de galinhas poedeiras são bastante sensíveis à qualidade e aos níveis de cada nutriente presente na dieta e, por isso, as estratégias para o aumento da produção devem ser bem planejadas.
Mas, afinal, que melhorias podem ser adotadas para promover a saúde de poedeiras e garantir a sua alta performance? Continue conosco, pois é sobre isso que falaremos por aqui!
Qual a relação entre o bem-estar animal e a saúde de galinhas poedeiras?
Um dos temas mais discutidos no setor de criação é o bem-estar animal. O bem-estar deve representar uma condição tal para que a ave possa manifestar naturalmente suas potencialidades biológicas.
Com base nessa perspectiva, e pressionados pelas mudanças de comportamento dos consumidores que estão cada vez mais conscientes sobre a questão, os produtores veem-se na necessidade de investir em um sistema alternativo na avicultura.
Contudo, ao contrário do que muitos avicultores mais conservadores podem pensar, essas exigências de garantia de conforto animal conferem inúmeras vantagens aos produtores também. Afinal, não é de hoje que especialistas da área afirmam que o bem-estar e a ambiência da granja melhoram a saúde das poedeiras, como consequência, impulsionam a sua produtividade.
Além disso, o estado de saúde geral das aves proporciona maior qualidade do ovo. Isso é o que demonstra, por exemplo, um estudo premiado no 16º Congresso de Produção e Comercialização de Ovos, ocorrido em 2018, “Morfologia do útero de poedeiras comerciais alojadas em diferentes densidades”.
O estudo em questão faz parte do projeto “Indicadores comportamentais e fisiológicos do bem-estar de poedeiras em fase de produção alojadas em diferentes densidades e sua aplicação no sistema convencional”. Depois de analisar o perfil das camadas de células e tecidos uterinos das aves em diferentes densidades de alojamento (321,43; 375,00; 450,00; 562,50 e 750,00 cm²/ave), os resultados apontam a seguinte conclusão:
As galinhas criadas na densidade de 750,00 cm²/ave apresentam um revestimento mucoso mais alto, com revestimento ciliado bem desenvolvido, em comparação às demais densidades de criação. Isso favorece a formação do ovo e o seu deslocamento durante a postura.
Tem-se, ainda, que nos sistemas cage free, em que não há qualquer tipo de confinamento em gaiolas, as condições de criação devem ser favoráveis para manutenção da saúde das aves. Neste modelo, a garantia de bem-estar é essencial para que as galinhas desempenhem seus comportamentos naturais, como depositar os ovos em ninhos.
Como consequência, há uma menor necessidade de usar antibióticos na produção, abrindo oportunidades para o produtor adentrar em novos nichos de mercado e atender ao crescente de consumidores que estão dispostos a pagar mais por estes produtos.
Que melhorias devem ser adotadas para promover a saúde animal em granjas?
Embora sejam necessários investimentos para fazer a transição de um sistema convencional de criação para um alternativo ou apenas com menor densidade de animais, o avicultor deve ter em mente que o bem-estar designa os numerosos elementos que contribuem para a qualidade de vida das galinhas, incluindo “as cinco liberdades” que os animais devem ter:
- livres de fome e sede;
- livres de desconforto;
- livres de dor, sofrimento e doenças;
- livres de medo e estresse;
- livres para expressarem seu comportamento natural.
Ou seja, simples mudanças no manejo animal, bem como a adaptação do galpão para uso da cama, dos poleiros e dos ninhos são suficientes para assegurar o bem-estar animal. É claro que existem desafios quanto a essa transição, principalmente para os pequenos produtores.
Contudo, não se pode ignorar essas mudanças no mercado avícola, visto que, em diversos países, a criação em gaiolas já foi proibida. O que se pode fazer, entretanto, é garantir a ambiência nos galpões e um manejo correto para que o animal possa expressar todo o seu potencial biológico.
Além de a garantir o conforto animal por meio da ambiência adequada, a nutrição das galinhas poedeiras é imprescindível para o negócio, já que os fatores nutricionais afetam diretamente a qualidade da casca e do ovo como um todo.
Entre os custos de produção no setor avícola, sabe-se que a nutrição representa 70% dos custos de produção e que a energia e a proteína são as parcelas mais representativas deste custo. Dessa forma, o maior desafio da nutrição é fornecer alimentos capazes de atender a exigência do animal, garantindo a máxima eficiência alimentar e menor perda de nutrientes para o meio ambiente.
Como identificar aves poedeiras doentes?
A importância da biosseguridade na avicultura é incontestável. A maioria das doenças que acometem as galinhas são altamente contagiosas e, caso as medidas adequadas não sejam tomadas, o produtor corre o risco de perder lotes inteiros.
Uma dessas medidas é isolar as galinhas doentes ou as que estejam sob alguma suspeita. Mas como identificar esses animais não saudáveis em meio a um plantel numeroso?
Tendo em vista que as doenças mais comuns de poedeiras apresentam sintomas muito semelhantes, é importante contar com o auxílio de um especialista para a correta identificação da enfermidade. Entre os sinais que exigem alerta estão:
- ausência ou redução da postura de ovos;
- ovos com a casca fina ou a aparência deformada;
- anorexia (a galinha para de ingerir ração e beber água);
- aumento no consumo de água;
- liberação de secreção pelos olhos e pelo nariz;
- respiração barulhenta;
- tosse e rouquidão;
- diarreia com mau cheiro;
- letargia (a galinha não se movimenta como de costume);
- dificuldade para manter-se em pé;
- alterações na pele;
- falhas no empenamento;
- falta de reação a estímulos;
- comportamento de se esconder;
- perda de peso.
Não é difícil perceber que o bem-estar animal é essencial para garantir uma produção de qualidade, concorda? Reside aí a importância de investir na saúde das galinhas poedeiras para impulsionar a produtividade do seu negócio.
E como a obtenção de bons resultados está atrelada a atuação em conformidade da produção às normas vigentes de criação avícola, aproveite para conferir quais são as regulamentações e as certificações necessárias para a avicultura alternativa!