Como reduzir custos para contornar o aumento do milho e da soja? Veja!
Em tempos de alta do dólar, a maior valorização de commodities comercializadas na moeda norte-americana é inevitável, aumentando os custos das rações utilizadas na suinocultura — as quais são compostas em grande parte por milho e soja.
Saber como enfrentar a situação é imprescindível para manter-se no mercado com lucratividade, minimizando os custos. Essa não é uma tarefa simples, mas há estratégias adotadas na formulação de ração que podem auxiliar no processo.
Independente da capacidade de cada empresa quanto a negociação, compra e armazenamento das commodities, as possibilidades para minimizar o impacto financeiro devem ser avaliadas criteriosamente, buscando aquela que possa se adequar melhor à realidade do negócio.
Continue com a leitura e conheça as principais alternativas para contornar o aumento do milho e da soja!
Como contornar o aumento do milho e da soja na alimentação de suínos?
Alguns ingredientes comumente utilizados em algumas empresas, como farinhas de origem animal, gorduras animais e óleos vegetais, podem auxiliar na redução do custo de formulação, dependendo do seu preço e qualidade.
Isso acontece porque tais ingredientes têm maior concentração energética ou proteica, que além de maior digestibilidade, melhoram também a palatabilidade e aroma das rações, podendo otimizar o desempenho dos suínos.
Entretanto, também existem outras alternativas para contornar o aumento dos custos com a alimentação. Entre as principais opções, podemos citar os ingredientes alternativos, que têm maior disponibilidade dependendo de sazonalidade ou região do país onde são cultivados.
Também podem ser utilizados aditivos que melhorem a digestibilidade de ingredientes, possibilitando a utilização das matérias-primas alternativas ou redução de inclusão de milho e soja.
Veja, a seguir, mais detalhes sobre cada uma dessas possibilidades!
Busque alimentos alternativos
Os ingredientes ditos como alternativos nada mais são do que cultivares, coprodutos das indústrias beneficiadoras de grãos, usinas produtoras de álcool ou fabricantes de produtos alimentícios para humanos.
Os alternativos são classificados entre energéticos e proteicos. Por sua composição nutricional, os primeiros podem ser substitutos parciais ou totais do milho. Podemos citar como exemplo:
- sorgo;
- milheto;
- farelo de arroz integral;
- farelo de arroz desengordurado;
- quirera de arroz;
- farelo de trigo;
- resíduos da indústria alimentícia (farelo de bolacha ou macarrão).
Já os ingredientes alternativos proteicos são possíveis substitutos do farelo de soja. Entre os principais, destacam-se:
- farelo de algodão;
- farelo de canola,;
- farelo de girassol;
- grão seco de destilaria (DDG).
Alguns desses ingredientes, mesmo apresentando características mais proteicas ou energéticas, podem impactar a redução conjunta de milho e soja, apresentando melhor viabilidade nutricional quando incluídos nas formulações e reduzindo, assim, o custo das rações.
Critérios de utilização
A utilização dependente da qualidade, disponibilidade, preço e fatores intrínsecos a cada fase de vida dos suínos, haja vista que, em alguns casos, há uma limitação de inclusão máxima na formulação.
A qualidade dos ingredientes citados deve ser avaliada com base nos parâmetros nutricionais básicos:
- análises bromatológicas — umidade, proteína bruta, extrato etéreo, fibra bruta, matéria mineral, cálcio e fósforo;
- análises de contaminantes;
- análises de micotoxinas;
- análises de integridade lipídica ou proteica.
Esse processo extremamente importante, pois, para alguns dos ingredientes, as variações dos padrões disponíveis entre fornecedores são muito grandes. A presença de fatores antinutricionais (polissacarídeos não amiláceos, fitatos, inibidores de proteases, entre outros), também é realidade e deve ser considerada na avaliação e utilização dos ingredientes.
Inclusão nas formulações
As recomendações de inclusão nas formulações dependem da fase de vida em que os suínos se encontram. Quando possível, nas fases iniciais e reprodutivas, a substituição deve ser parcial. Porém, na fase de engorda, que compreende o crescimento e terminação, a substituição pode chegar a ser total para alguns dos ingredientes.
A utilização dos alternativos se torna mais viável quando a fábrica tiver disponível aminoácidos sintéticos e outros aditivos nutricionais, para auxiliar no atendimento das exigências nutricionais.
A inclusão na dieta vai depender do grau de criteriosidade e da experiência de cada Nutricionista, sendo que, na literatura, são encontrados diversos artigos testando diferentes inclusões, com variáveis efeitos sobre o desempenho.
Vale ressaltar que a inclusão nunca deve ser abrupta. Portando, o melhor é acrescentar os ingredientes de forma crescente até se atingir o nível mais adequado para cada situação, propiciando a adaptação dos animais.
Não existe uma “receita de bolo”, o segredo é fazer um bom acompanhamento, visto que a inclusão equivocada pode trazer efeitos negativos não só no desempenho dos animais, mas principalmente na viabilidade econômica da produção.
Utilize aditivos enzimáticos
O uso de aditivos enzimáticos, entre eles a fitase, proteases, carboidrolases e lipases, está baseado principalmente na melhoria da digestibilidade. Além disso, favorece a inativação de fatores antinutricionais presentes nos ingredientes, com efeitos secundários sobre a integridade do trato gastrointestinal.
A definição de qual enzima utilizar vai depender da disponibilidade de substratos que as dietas possuem, estando diretamente ligada à composição das rações. Da mesma forma, a valorização do potencial de liberação nutricional de cada enzima deverá considerar as características de cada uma, que podem variar entre os fabricantes.
Um ponto muito importante a ser considerado é que essas valorizações não devem ser somadas nos casos em que houver inclusão de mais de uma enzima na mesma dieta. Quando utilizados corretamente, há possibilidade de redução de custo das rações de aproximadamente 0,5 a 1,5% — sendo essa variação dependente das características das enzimas, das combinações entre elas, das formulações e dos preços das matérias-primas utilizadas para compor as dietas.
Como você pôde ver, existem várias estratégias para contornar o aumento do milho e da soja. Nesse cenário, avaliar a alternativa mais eficiente é um processo que demanda alguns cuidados para que a decisão seja acertada. Assim, o suinocultor conseguirá otimizar seus custos sem comprometer o desempenho e lucratividade da produção.
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Este conteúdo foi elaborado com a colaboração de Matias Djalma Appelt, Especialista de Nutrição Sênior.