Micotoxinas e a saúde animal: entenda os impactos na produção animal
Você sabe qual é a relação entre as micotoxinas e a saúde animal? Essas substâncias contaminam os produtos agrícolas — como milho, soja, cevada e arroz — causando danos à produtividade e à saúde dos lotes. Por isso, é imprescindível verificar a qualidade das matérias-primas destinadas à nutrição animal.
Mas, afinal, o que são micotoxinas? Como elas impactam a cadeia produtiva e de que forma afetam os resultados dos rebanhos e plantéis? Continue a leitura e entenda!
O que são as micotoxinas?
As micotoxinas são substâncias produzidas pelos fungos e que provocam efeitos tóxicos em animais e seres humanos. A presença de fungos em alimentos e sua consequente toxicidade são conhecidas há muito tempo, mas a questão tem recebido mais atenção nas últimas décadas.
Entre as culturas comumente afetadas estão o trigo, o centeio, a aveia, a cevada, o arroz e, principalmente, o milho — que é uma importante fonte energética para os animais. A contaminação pode ocorrer em campo ou durante o armazenamento dos grãos.
Hoje, são identificadas mais de 400 moléculas de micotoxinas, mas 4 grupos são os de maior relevância para a cadeia produtiva de proteína animal (falaremos delas mais adiante). Essas substâncias merecem atenção, pois oferecem riscos, prejudicando o metabolismo, a saúde e o desempenho dos plantéis.
O que é a micotoxicose?
Micotoxicose é o nome que se dá à doença causada pela ingestão de alimentos contaminados por micotoxinas. Como mencionamos, tanto animais quanto seres humanos são afetados por elas. Os seus efeitos, porém, são diversos e influenciados pelo tipo e dosagem da micotoxina, espécie, idade, sexo e saúde animal.
Entre os animais domésticos, os ruminantes são mais resistentes às micotoxinas que os monogástricos, já que a flora do rúmen é capaz de degradar algumas, reduzindo sua toxicidade. Contudo, muito se perde em termos de produtividade se as micotoxinas estiverem presentes em níveis elevados em alimentos destinados à alimentação animal.
De forma geral, podemos destacar as seguintes consequências da micotoxicose:
- depressão do sistema imunológico;
- patologia hepática;
- função renal alterada;
- redução na taxa de crescimento;
- reações alérgicas;
- desordens reprodutivas;
- problemas no sistema nervoso, circulatório e respiratório;
- redução da eficiência alimentar;
- alteração na qualidade dos ovos;
- efeitos sobre cor, sabor e odor do leite;
- risco de morte.
Qual a relação das micotoxinas e a saúde animal e humana?
A população pode ser contaminada por micotoxinas de forma direta ao ingerirem alimentos, ou seus derivados, com algum nível de contaminação. Por isso, adotar medidas que evitem a proliferação de fungos nos insumos utilizados para fabricação de rações para animais é uma questão de saúde pública.
Entre os efeitos das micotoxinas na saúde humana podemos destacar:
- câncer de esôfago, no fígado e outros;
- suscetibilidade à hepatite B;
- imunossupressão;
- hemorragias;
- síndrome de Reye;
- efeito anabolizante;
- vômitos e náuseas;
- dermatites;
- diarreia;
- risco de morte.
Quais micotoxinas impactam a nutrição animal?
Como você pôde perceber, as micotoxinas causam diversos danos à saúde animal, gerando prejuízos consideráveis aos produtores. Uma vez que a contaminação pode ocorrer no campo, durante a colheita, transporte ou no armazenamento da matéria-prima, é essencial estabelecer uma gestão de riscos que proceda às medidas eficazes de combate à proliferação de fungos.
Mas, afinal, quais são as principais micotoxinas encontradas no Brasil? Veja a seguir.
Aflatoxinas
As aflatoxinas são produzidas pelos fungos Aspergillus flavus e A. parasiticus. Ocorrem em milho, amendoim, soja, trigo, cevada, aveia, arroz, figo, nozes, oleaginosas, leite e derivados. Os prejuízos são inúmeros, principalmente para a avicultura e suinocultura.
Entre os sintomas manifestados nos plantéis contaminados estão: alteração na função hepática, imunossupressão, redução na eficiência alimentar, despigmentação, redução na absorção dos alimentos, hemorragias, anorexia, baixa produção de ovos, redução do ganho de peso e da taxa de sobrevivência e morte.
Fumonisinas
As fumonisinas são produzidas pelos fungos Fusarium verticillioides, F. proliferatum e Alternaria alternata f. sp. lycopersici. São encontradas principalmente no milho, em cereais de inverno e no chá preto. São conhecidas mais de 20, mas apenas as fumonisinas B1, B2 e B3 apresentam importância toxicológica.
A redução do ganho de peso nos animais geralmente é consequência das disfunções entéricas e hepáticas. Ainda causam edema pulmonar, problemas cardíacos, imunossupressão, diarreia, degeneração, redução no desenvolvimento e síndrome da mortalidade aguda em aves.
Zearalenona
A zearalenona é produzida pelos fungos Fusarium graminearum, Fusarium culmorum e Fusarium equiseti. Ocorrem principalmente em milho, trigo, cevada, arroz, sorgo e centeio. Os suínos são particularmente sensíveis a essa toxina.
Neles, os sintomas são nascimento de leitões fracos e natimortos, síndrome dos membros abertos, vulvovaginite, distúrbios na concepção, repetição de cio e abortos. As aves não apresentam efeitos graves, e os bovinos têm problemas reprodutivos, infertilidade, hiperestrogenismo e queda na produção de leite.
Desoxinivaleno (DON)
O desoxinivalenol é produzido pelos fungos Fusarium graminearum e F. culmorum. As culturas mais suscetíveis são milho, trigo, centeio, cevada e aveia. As aves aparentemente não são afetadas tanto quanto pelas outras toxinas, mas apresentam redução na produção de ovos.
Nos bovinos, a alta dosagem predispõe a mastite e laminite. Os suínos apresentam distúrbios gástricos e recusa de alimentos.
É importante ressaltar que os fungos não se desenvolvem em alimentos devidamente secos. Dado o clima quente e úmido predominante do Brasil que favorece a proliferação desses organismos, é fundamental que os produtores façam a secagem correta e a conservação adequada das forrageiras e dos grãos que serão destinados à alimentação animal.
Mantê-los livres da umidade excessiva e protegido de pragas (que causam estragos nos grãos, tornando-os mais suscetíveis aos fungos) é uma medida bastante eficaz. A secagem deve ser realizada logo após a colheita e adotadas boas práticas para ensilagem e armazenamento.
Além disso, as rações de boa procedência e qualidade contêm adsorventes que atuam como sequestrantes de micotoxinas, evitando a sua absorção no intestino e, com isso, danos à saúde animal. Portanto, para não ter prejuízos, não facilite para esse inimigo silencioso do desempenho animal.
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Colaboração: Javer Alves – Especialista em Nutrição de Aves da Vaccinar.
Parabens pela materia,muito esclarecedora e de grande aprendizagem .
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Até breve,
Olá,muito educativo o conteúdo, gostei muito além do mais faz parte do conteúdo de aprendizado que estou fazendo, minha graduação em ciências biologicas e de extrema importância a ação da biomin para saúde e economia não só animal mas de seres humanos também.
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Até breve
a leitoa que apresenta ZEA pode ser abatida?
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A Zearalenona (ZEA) é uma micotoxina que acomete cereais utilizados nas rações de suínos. Esta micotoxina é absorvida no intestino delgado e metabolizada (“quebrada”) no fígado, sendo os principais danos causados no sistema hepático, digestório e reprodutivo. A intoxicação por essa micotoxina pode ser minimizada e até evitada com cuidados na colheita e armazenamento destes cereais, bem como com o uso de Aditivos Adsorventes de Micotoxinas nas rações. Não existem restrições ao abate de animais expostos a micotoxinas, porém dependendo do grau de intoxicação, órgãos como fígado e intestinos são acometidos e por serem utilizados em alguns casos como referências para condenação (“não aprovação”) de carcaça para abate e consumo, pode inviabilizar a utilização destes animais.
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Em questão na ração pet ?
E como evitar ou eliminar esse tipo e problema na fabricação da ração?
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Muito bom o seu questionamento! A contaminação de micotoxinas é um problema de segurança alimentar mundial que pode atingir da alimentação animal a humana.
Em relação a rações para cães e gatos, temos a mesma preocupação com as matérias-primas contaminadas com micotoxinas. E ainda, temos mais um agravante, cães e gatos vivem mais do que animais de produção, sendo assim temos ação acumulativa dos efeitos deletérios das micotoxinas no organismo dos animais. Por isso, é importante escolher alimentos completos e balanceados para cães e gatos de empresas com procedência e confiança.
Pois sabendo desse contexto e importância do assunto, o que normalmente as empresas fazem? Há diversas ações de boas práticas de fabricação e análise de pontos críticos de controle (programas de gestão de qualidade geralmente aplicados nas fábricas de rações). O que normalmente se pratica é realizar um controle rigoroso na seleção e compra de matérias-primas, avaliação no recebimento e monitoramento constante. Além disso, há ferramentas que podem ser utilizadas, como o uso de aditivos adsorventes de micotoxinas, que podem adsorvê-las e dessa forma serem eliminadas. Além dessa função de adsorção, junto no aditivo adsorvente podemos encontrar moléculas capazes de dar maior suporte e proteção ao organismo do animal para reduzir os efeitos deletérios, como por exemplo moléculas hepatoprotetora.
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Até breve.