Confira 6 boas práticas para manejo pré-abate de bovinos de corte!
A genética e a nutrição são extremamente importantes para a qualidade da carne bovina, mas muitos criadores não realizam o cuidado devido em uma etapa essencial: o manejo pré-abate. Trata-se de procedimentos da gestão de gado de corte realizados tanto no transporte para o frigorífico quanto nos momentos finais dos animais dentro da porteira.
Um manejo malfeito pode causar perdas qualitativas e quantitativas na carne: mudanças no pH final, dureza causada por rigor mortis atípico e reduções de peso que podem chegar a 11%, o que reduz a receita total pela venda dos animais.
Para ajudar produtores a evitar esses contratempos, selecionamos 6 boas práticas de manejo pré-abate. Conheça todas!
1. Faça o transporte adequado até o local de abate
Existem diversos fatores de risco no transporte dos animais até o frigorífico que precisam ser levados em conta. Qualquer negligência nessa etapa pode comprometer, em poucas horas, todo o tempo de criação investido nos bovinos.
Em primeiro lugar, é crucial um veículo adequado, com tapetes de borrachas no piso e grades de ferro sobre eles. Quedas e choques entre os animais causam lesões que prejudicam seriamente a qualidade da carne, além de resultar em estresse e até mesmo em danos no couro.
Além disso, um plano de viagem meticuloso, que considere paradas para reabastecimento do veículo e para alimentação dos condutores, pode até parecer trivial, mas evita confusões que prolonguem o tempo de viagem e prejudiquem os animais.
O treinamento dos motoristas também é outro ponto de atenção. Dirigir com velocidade adequada, passar com cuidado por buracos e por outras irregularidades na estrada e, principalmente, atenção nas curvas são decisivos aqui.
O conforto térmico do compartimento de carga dos animais também precisa ser observado. Muito calor pode prejudicar seriamente a qualidade e o peso, especialmente quando há exposição ao sol.
Por fim, alcance o equilíbrio na densidade da carga. Quanto mais animais, maiores as chances de estresse e de ferimentos. Por outro lado, uma densidade muito baixa aumenta as chances de quedas.
2. Embarque e desembarque os animais com tranquilidade
É natural que os bovinos estranhem os procedimentos de embarque e de desembarque em caminhões e, nesse momento, pode acontecer de uma equipe destreinada recorrer a violência, a gritos ou a bastões elétricos para direcionar o gado.
Trata-se de um erro grave que aumenta o estresse nos animais e os níveis de adrenalina, o que resulta na infame carne DFD, sigla em inglês para Dark, Firm and Dry, o que pode ser traduzido como carne dura, firme e seca.
Por mais que o tempo gasto seja maior, é preciso paciência aqui. Pessoas acostumadas com o manejo sem violência terão mais facilidade com a etapa, já que os animais também estarão mais treinados aos seus comandos.
3. Conduza os bovinos em grupos pequenos na fazenda e no frigorífico
A obsessão por uma produtividade elevada na pecuária pode fazer com que alguns criadores tentem conduzir o máximo de animais de uma vez da fazenda até o local de embarque e do frigorífico até o local de espera do abate. Mas fazer isso é “pecar pelo excesso”.
Além de ser muito mais fácil conduzir grupos menores de animais, o movimento será mais natural para eles, o que reduz o estresse e minimiza as chances de que algum bovino se separe do rebanho ou apresente outro comportamento inesperado.
Um cuidado especial aqui é tentar formar grupos que já se conhecem e andam juntos. Bovinos são animais sociais que estabelecem relações entre eles e gostam de estar em companhia de quem já conhecem. Misturar animais desconhecidos na condução ou no transporte aumenta a sensação de insegurança e os riscos de confusões entre eles.
4. Conte com uma equipe qualificada e treinada
Apesar de não ser mais algo comum, ainda existem produtores que acreditam que o trabalho de manejo do gado é de baixa qualificação e pode ser feito por qualquer pessoa.
Na verdade, a capacitação técnica da equipe que cuida dos bovinos na fazenda e também nos frigoríficos é importantíssima para os resultados do gado de corte. Pessoas sem experiência no manejo de animais costumam atrapalhar mais do que ajudar.
Logo, é fundamental qualificar os profissionais que fazem o manejo e garantir que as mesmas pessoas conduzam e cuidem dos bovinos no pré-abate.
Entregar o gado nas mãos de uma pessoa despreparada é comparável a pedir a uma pessoa que nunca fez churrasco cuidar da carne na grelha: certeza de desperdício de uma carne de qualidade.
5. Não deixe os animais passarem fome e sede
A alimentação do gado deve ser conduzida com atenção no pré-abate. Eles não devem passar fome ou sede no transporte e no tempo de espera até o abate, já que essas condições agravam o estresse, o que, por razões já explicadas, prejudica severamente a qualidade final da carne.
Além da alimentação, é recomendável que a jornada até o abate não seja longa, pois quanto maior a distância e o tempo gasto, maior a perda de peso.
6. Garanta sempre o bem-estar dos animais
O respeito aos animais é o que faz com que alguns criadores tenham excelência e faturem alto, enquanto outros amargam resultados insatisfatórios. Portanto, para quem já tem sucesso na área, este conselho pode parecer repetitivo, mas sempre vale a pena reforçar: garanta o bem-estar do seu gado.
Mesmo quando estão perto do abate, os bovinos devem ser zelados com carinho e muito respeito. Um produtor consciente nunca deve cometer o erro de maltratar seus animais, pois, além de todos os prejuízos citados, ele ainda desprestigiará seu próprio produto e trabalho. Isso vale inclusive para as vacas de descarte dos produtores leiteiros.
Essa recomendação final é talvez a mais relevante. Cuidar de forma correta, e sempre respeitar e garantir o bem-estar dos animais, tanto no manejo pré-abate quanto durante toda a criação, é crucial para que o produtor prospere e entregue qualidade superior ao consumidor.
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