Uso de aditivos acidificantes para suínos
A utilização de aditivos acidificantes para suínos vem crescendo em função do aumento nas restrições ao uso de antimicrobianos por países consumidores de proteína animal.
Pensando na relevância do tema, propomos aqui uma reflexão sobre a composição dos aditivos acidificantes, como eles podem ser incorporados na suinocultura, por que seu uso é importante e quais cuidados precisam ser adotados na nutrição animal. Acompanhe!
Qual é a composição dos aditivos acidificantes?
A maioria dos aditivos acidificantes disponíveis no mercado são compostos por ácidos orgânicos, inorgânicos ou seus respectivos sais, podendo ser a combinação de mais de um ácido.
Os ácidos inorgânicos, classificados como ácidos fortes, são assim denominados por terem um mineral ligado a sua cadeia carbônica. Já os ácidos orgânicos são substâncias naturalmente produzidas por plantas, animais e microrganismos com funções importantes no metabolismo deles. Estes últimos são considerados ácidos fracos.
Amplamente utilizados na nutrição animal, os ácidos orgânicos têm uma cadeia de carbono contendo não mais do que 10 átomos. Também apresentam difícil dissociação, quando comparados aos ácidos inorgânicos, o que justifica sua utilização e funções no trato gastrointestinal (TGI) dos animais.
Como incorporar os aditivos acidificantes na nutrição de suínos?
Os aditivos acidificantes utilizados na nutrição de suínos podem estar na forma de ácidos livres, sais de ácidos, ácidos microencapsulados ou em conjunto com outras substâncias que possam atuar sinergicamente com esses.
São utilizados na composição desses aditivos ácidos inorgânicos (como fosfórico) e orgânicos (propiônico, fórmico, acético, cítrico, lático, benzoico, málico, fumárico e ascórbico), além de seus sais e a combinação de dois ou mais deles.
Por que usar os aditivos acidificantes para suínos?
Em razão das dietas de suínos, principalmente as de creche, terem alta capacidade tamponante, devido principalmente aos níveis altos de proteína e minerais, bem como à carga microbiana existente no meio de produção da suinocultura, aliados à insuficiência na produção de HCl, se faz necessário a utilização de aditivos acidificantes. O intuito dessa prática é minimizar os efeitos negativos causados pelo meio externo, a alimentação e o grau de desenvolvimento do animal.
Para tal, os ácidos desempenham importantes funções no TGI, como diminuição ou regulação do pH, efeito antimicrobiano e capacidade aniônica tamponante com cátions de minerais das dietas, aumentando a digestibilidade e absorção desses. Além desses benefícios, auxiliam na manutenção da flora e da morfologia intestinal.
Atuação de ácidos na forma livre
Os ácidos livres ou seus sais, em sua maioria, são dissociados antes de chegarem no intestino, tendo ação principalmente na regulação ou redução de pH do meio e controle de microrganismos patógenos presentes no primeiro terço do TGI.
Portanto, quando administrados nessa forma, mostram efeitos positivos sobre parâmetros de desempenho e saúde do trato gastrintestinal. Porém, as dosagens são altas, podendo variar de 0,2 a 2% de inclusão.
Atuação de ácidos microencapsulados
Quando microencapsulados, revestem os ácidos por uma camada lipídica, a qual, após ação de sais biliares e lipases, são liberados e dissociados no intestino. Dessa forma, podem regular o pH no lúmen, favorecem a produção de ácidos graxos voláteis no ceco e desempenham função antimicrobiana, por meio de dissociação dentro da célula de bactérias pH-sensíveis como:
- Coliformes;
- Clostridium;
- Salmonella;
- Listeria spp;
- E. coli;
- Streptococcus sp. e outras.
Essa dissociação do ácido orgânico dentro da célula das bactérias resulta na liberação de cátion de hidrogênio (H+), reduzindo o pH intracelular e ocasionando uma demanda de gasto energético na tentativa de elevá-lo. Além disso, a dissociação libera o radical livre (RCOO-), que é impedido de sair pela membrana celular. Como isso, tem-se:
- inibição do transporte de elétrons nas mitocôndrias da célula;
- interferência na replicação de DNA e RNA;
- alteração da síntese proteica;
- desnaturação de proteínas;
- bloqueio de enzimas no metabolismo de carboidrato celular;
- morte celular.
Que cuidados são necessários no uso de aditivos na nutrição animal?
Os acidificantes com mais de um ácido em sua composição têm maior possibilidade de apresentar resultados positivos para a suinocultura, conforme pode ser observado na literatura científica.
Contudo, é preciso adotar algumas medidas em seu uso. Na forma livre, os aditivos acidificantes têm, além da alta inclusão, maior potencial corrosivo e volatilização. Esses aspectos demandam maiores cuidados ao manipular o aditivo.
Por outro lado, com o processo de microencapsulamento dos ácidos, um dos resultados é a redução do seu potencial corrosivo e da volatilização, deixando o produto mais seguro para a manipulação e utilização.
A escolha do aditivo acidificante mais adequado para uso na suinocultura depende da definição de fase de vida dos animais, do objetivo dessa utilização (regulação de pH, melhora da integridade intestinal ou redução de patógenos), da combinação com outros aditivos e do custo-benefício.
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Este conteúdo foi produzido por Matias Djalma Appelt, Especialista de Nutrição Sênior.
MUITO BOM MATERIAL , DE FÁCIL ENTENDIMENTO PARA OS ALUNOS DOS CURSOS DE ZOOTECNIA E MEDICINA VETERINARIA
Para quais fases da criação, o uso dos acidificantes são recomendados?
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