Mercado brasileiro de suínos: panorama e desafios para o futuro
Na cadeia produtiva de proteína animal, a carne suína é líder no consumo mundial, em virtude da sua versatilidade e do baixo teor de gordura, que chega a ser menor que em alguns cortes de aves. Nesse cenário internacional, o Brasil se mantém firme como o quarto maior produtor e exportador, apesar dos percalços recentes do mercado de suínos.
As consequências do impacto gerado pela instabilidade econômica dependem muito da gestão e da capacidade do empresário em olhar para o futuro. Um produtor visionário sabe das oscilações do mercado e o planejamento que prevê isso é a garantia de estar preparado para as épocas de baixa.
Entretanto, mesmo exigindo cautela, momentos de crise são de reflexão e balanço. É preciso analisar as possibilidades para fazer investimentos e movimentar o negócio.
Mas qual é o panorama atual do mercado de suínos? Quais são os desafios que os suinocultores precisam enfrentar e quais as perspectivas para a área? Para responder a essas questões, elaboramos este artigo para você! Boa leitura!
Cenário atual do mercado de suínos
O Brasil ocupa a quarta posição no ranking de produção e também no de exportação de carne suína. Estamos logo atrás de grandes potências mundiais — como a China, a União Europeia (28 países) e os Estados Unidos — e à frente das atividades russas. Em 2017, houve um aumento de 0,7% na produção de suínos em relação ao ano anterior e, no que tange os valores das exportações, o montante de US$ 1,499 bilhão de janeiro a novembro retrata o crescimento de 9,8%.
Mesmo que os números pareçam modestos, o saldo é bastante positivo diante da crise causada pela Operação Carne Fraca, que resultou no fechamento de 77 mercados à carne de frango e suína brasileira. Os países de Santa Lúcia, Zimbábue e Trinidad e Tobago permanecem sancionados. Em contrapartida, o Brasil recebeu o aval para entrar no mercado de suínos da Coreia do Sul pela primeira vez.
Os impasses comerciais travados entre a China e os Estados Unidos favoreceram a suinocultura brasileira e os chineses — maiores consumidores e produtores de carne suína — passaram a ser, também, os maiores importadores. O comércio com eles teve uma alta de 140% no início de 2018 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
As transações com China, Hong Kong, Coreia do Sul, África do Sul e Peru compensam o embargo da Rússia, que antes era o principal destino dos produtos suínos brasileiros. Porém, as perspectivas são boas e, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Blairo Maggi, os russos podem voltar a importar a carne suína até o fim de agosto de 2018.
Na mesa dos brasileiros, as favoritas ainda são as carnes de frango e de gado. Mesmo ultrapassando um período de baixa no mercado (devido ao alto custo de insumos e ao baixo preço de cevado e de carcaça), o interesse nacional está em expansão. A população está mudando a visão sobre esses produtos e, também, tem sido incentivada pelo menor preço em relação à carne bovina.
Desafios do mercado de suínos
A volatilidade do setor é o maior desafio para o suinocultor brasileiro. Após ter excelentes resultados nos últimos dois anos, ao se deparar com um decréscimo nas vendas, o produtor pode se assustar. Por essa razão, é fundamental que haja um bom planejamento e o investimento em tecnologia para garantir a qualidade dos produtos e a alta produtividade do negócio.
O advento da tecnologia possibilitou a seleção de características específicas (por meio do cruzamento entre raças e o manejo genético) para satisfazer as exigências de consumo da sociedade. Ao longo do tempo, por exemplo, a procura por banha foi diminuindo, o que resultou em um suíno com mais carne e uma capa de gordura muito mais fina.
Além disso, a tecnologia proporcionou a mecanização e a automatização da produção de carne suína. Essa industrialização permite mais controle, menos interferências externas e muita rapidez no sistema de produção. Essa velocidade também é impulsionada pela alta taxa reprodutiva das matrizes atuais e pelo seu curto ciclo de maturação.
Porém, apenas infraestrutura de ponta não basta. É necessário que o suinocultor siga as boas práticas de manejo e invista em saúde e nutrição de qualidade para garantir o desempenho dos animais. Ou seja, quem deseja entrar ou se manter no páreo do mercado de suínos precisa se modernizar e respeitar os padrões sanitários e ambientais internacionais, para, assim, atender às demandas de consumidores exigentes.
Perspectivas para o mercado de suínos
Diante desse contexto, as perspectivas para o mercado de suínos são muito boas. O Brasil detém cerca de 10% do mercado mundial de produtos suínos e, com o fim do embargo russo, esse índice tende a aumentar. O reconhecimento internacional aos frigoríficos brasileiros reflete a alta qualidade dos nossos produtos e demonstra a notável competitividade com grandes potências econômicas.
O crescimento da população mundial aumenta a necessidade de produção de proteína animal e a mudança no gosto do brasileiro (juntamente com maior informação sobre a sanidade e os benefícios da carne suína) prometem aquecer o sistema produtivo da suinocultura nacional. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) prevê uma elevação de 2% a 3% na produção e, nas exportações, um acréscimo de 4% a 5%.
Além disso, em 2020, o Brasil sediará o International Pig Veterinary Congress (IPVS), o que atrairá atenções e ampliará os contatos e as transações no mercado externo.
Essas análises e esses números apenas reiteram a necessidade de fazer investimentos na área tecnológica e de se alinhar às tendências mundiais de uma produção sustentável de proteína animal. O produtor que tiver conhecimento sobre o funcionamento do mercado global e souber planejar detalhadamente todas as etapas do seu sistema certamente superará os períodos de baixa e passará pelos momentos de crise quase sem senti-la.
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Este conteúdo foi elaborado com a contribuição de Vasco Bernardes, Gerente Nacional de Suínos da Vaccinar.