Uso da betaína para a melhora na qualidade da carne suína
Com o avanço do melhoramento genético em suínos, novas linhagens comerciais com menor espessura de toucinho e com maior capacidade de deposição muscular foram implantadas. Isso promoveu mudanças na forma de enxergar a carne suína, passando de carne considerada gorda, para carne considerada magra e saudável (Wood & Whittemore, 2006).
Entretanto, as linhagens suínas modernas apresentam reduzido conteúdo de gordura intramuscular (GIM), que é extremamente importante para intensificar a suculência, maciez, e sabor da carne suína.
No decorrer deste conteúdo, você terá a oportunidade de saber mais sobre o assunto e entender como o uso da betaína afeta a qualidade da carne, impactando, inclusive, a satisfação dos seus clientes. Ficou interessado? Então, continue sua leitura!
O que é a betaína?
A betaína é um tri-metil derivado do aminoácido glicina, está relacionada com diversas funções fisiológicas em mamíferos. Como doadora de grupamento metil, para a síntese de creatina, fosfatidilcolina, carnitina, adrenalina, aminoácidos metilados, além de ser necessária para algumas modificações epigenéticas, como a metilação do DNA e de histonas (Figueroa-Soto e Valenzuela-Soto, 2018).
E para desempenhar este papel, a betaína é catabolizada através de uma série de reações enzimáticas que ocorrem principalmente nas mitocôndrias das células hepáticas e renais (Lipiński et al., 2012). Além disso, a betaína está relacionada com o metabolismo de osmorregulação, atuando como osmólito orgânico e apresentando efeito osmoprotetor, protegendo células e organelas contra o estresse hídrico e realizando a manutenção da pressão osmótica no interior dos enterócitos (Lipiński et al., 2012).
Com isso, a suplementação de betaína pode aumentar a digestibilidade, bem como a área de absorção dos nutrientes (Eklund et al., 2005).
Naturalmente, a betaína pode ser encontrada principalmente em vegetais como beterraba, brócolis e espinafre, além de ser encontrada em produtos de origem animal.
Como se dá a utilização da betaína em suínos?
A betaína para suínos em terminação pode melhorar tanto o desempenho quanto as características de carcaça e a qualidade da carne suína.
Diferentes estudos indicam que para a betaína expressar seu máximo benefício em suínos em terminação o período de suplementação mínimo exigido seria por volta de 45 dias. E as concentrações utilizadas costumam variar de 1,0 até 2,5 g/kg de ração. Onde as maiores concentrações promovem efeito mais evidente nas características de carcaça e qualidade de carne.
Qual é a relação entre a betaína e a qualidade da carne?
Inúmeras pesquisas vêm retratando a betaína como um composto capaz de melhorar a qualidade da carne suína, principalmente por seu efeito no metabolismo lipídico (Lipiński et al., 2012; Wu et al., 2018).
A betaína atua no metabolismo lipídico de forma diferente no tecido adiposo e no tecido muscular (Madeira et al., 2016; Albuquerque et al., 2017; Wu et al., 2018).
No tecido adiposo a betaína é descrita como capaz de reduzir a espessura de toucinho, (Dunshea et al., 2009; Bustillos et al., 2018). Isso pode ser devido à maior β-oxidação no fígado de suínos suplementados com betaína e a redução na expressão de enzimas lipogênicas no tecido adiposo de suínos (Huang et al., 2009; Lothong et al., 2016).
Já no tecido muscular, a betaína é descrita como aditivo capaz de aumentar a gordura intramuscular, que está fortemente relacionada à melhora da qualidade da carne. Diversos trabalhos demonstram este efeito da betaína, Huang et al., (2009) observaram que a suplementação de 1,25 g/kg de BET para suínos em terminação, aumentou em 23,6% a concentração de gordura intramuscular em relação ao grupo controle, Albuquerque et al. (2017) avaliaram a suplementação de 1 g/kg de BET, e relataram aumento de 51,85% na concentração de gordura intramuscular dos suínos.
Assim como Li et al. (2017) observaram aumento na concentração gordura intramuscular de aproximadamente 44% com a suplementação de 2,5 g/kg de BET.
Existe correlação entre a concentração de gordura intramuscular e a maciez da carne, onde quanto maior for a concentração de GIM maior é a maciez da carne. Neste sentido, Soares (2021) (dados não publicados) demonstram que a suplementação de 2,5 g/kg betaína para suínos dos 90 aos 140 kg aumenta não só a concentração de gordura intramuscular, mas também a maciez da carne, impactando positivamente a qualidade da carne suína.
Assim, fortes evidências demonstram que a betaína é eficaz em modular o metabolismo lipídico, reduzindo a espessura de toucinho e aumentando a gordura intramuscular em suínos, sendo uma potencial estratégia nutricional para melhorar a qualidade da carne suína.
Que impactos são percebidos com o uso da betaína em suínos?
Agora, chegou a hora de conferir um pouco mais de perto quais são os impactos que o uso da betaína provoca em suínos. Vamos lá?
Efeitos na utilização da energia
Diversos estudos evidenciam que o efeito da betaína se torna mais proeminente quando as dietas são formuladas com baixa concentração de energia metabolizável, ou quando os animais estão passando por restrição alimentar quantitativa.
Isto se dá justamente pelo efeito da betaína no metabolismo de osmorregulação. Onde ela permite o acúmulo de água no meio intracelular ao mesmo tempo em que previne o aumento exacerbado de eletrólitos no meio intracelular (Lipiński et al., 2012). Desta forma, a betaína contribui para a retenção intracelular de água, com gasto de energia reduzido, comparado ao necessário para a ativação de bombas iônicas.
Assim, há relatos que a betaína suplementada na dieta de suínos promove redução das necessidades energéticas de mantença. Podendo o excedente de energia fornecida ser desviado para o crescimento (Partridge, 2003; Lipiński et al., 2012). Melhorando o desempenho zootécnico, além das características de carcaça.
Efeitos na carne
Diversos estudos recentes têm demonstrado benefícios do uso da betaína na qualidade da carne e sobre as características da carcaça.
Suínos suplementados com betaína apresentam maior percentual de carne na carcaça e uma espessura de toucinho reduzida. Além disso, a carne apresenta maior suculência, maciez e sabor devido aos efeitos da betaína já mencionados acima.
Efeitos na saúde do consumidor
Em humanos o consumo de betaína está relacionado com redução da deposição de gordura (Gao et al., 2019). Para pacientes com hiper-homocisteinemia, a betaine reduz os níveis de homocisteína, o que reduz os riscos de doenças cardíacas, promovendo melhor qualidade de vida (MacRae et al., 2013; Ashtary-Larky et al., 2021). Além disso, o consumo de betaína está associado a redução nos riscos de desenvolver algum tipo de câncer (Sun et al., 2016).
Isso demonstra que a betaína é segura tanto na alimentação animal quanto na humana, e pode impactar positivamente na qualidade de vida de quem a consome. Assim, aumentar o seu consumo via carne de suínos suplementados, pode ser uma ótima estratégia.
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